Devaneio inspirado no poema de Carlos Drummond de Andrade "No meio do Caminho". Um verso a exalar flores, pólen e perfumes.
Minhas Marés
Poema exposto. Verbo a aquecer a página e arder a letra. Verso a carregar sentimentos expostos, desejo de pele, corpo e alma.
eu sou um perfil mutável / verbo de ação / construção / sou urbana, marítima / paradigma de mim / lapidada em metamorfoses diárias.
Tinha dentro de si apenas vontades acumuladas e uma liberdade natural que era conhecida por todas as brisas e tempestades. O voar era um devaneio livre que se estendia além do ser...
Eu guardo o domingo / nas preces das palavras sentidas / no convexo avesso de mim.
Lembranças azuis tal qual o mar ao amanhecer, ou feito aqueles dias alaranjados que imitam um outono solitário. Aqui dentro do peito também acumulam saudades de mim e de todos os meus eus, grandes, pequenos, adolescentes, chatos, sorridentes, metidos... Nostalgia apertada daquelas que provocam a falta de ar.