Estou perdida no emaranhado das minhas letras e no atravessar do verbo que habita a página.
suzana martins
Gosto de atravessar a cidade e observar a solidão que perdura em meio ao caos urbano. A paisagem pós vendaval sempre desperta o melhor de mim. A cidade se enfeita. O chão parece um céu estrelado com folhas e flores a enfeitar os espaços. Há quem reclame do que fica depois de um vendaval. Eu apenas contemplo a beleza que aparecem "entre os sucessivos solavancos que projetam veias de anil",(*)
Não sei se amanhã estarei aqui. Não sei se minhas palavras chegarão a ti. Mas, num eco ritmado e em ânsias exageradas, subscrevo o que pulsa em mim.
Mágoas, / cicatrizes expostas. / O sangue a jorrar / pelos olhos, / alma, / boca, / poros...
As suas pegadas pelo jardim ainda ecoam no interior, nos limites de minha dor. Não mexa com minhas lágrimas, não enxugue os meus sorrisos, não aqueça meus braços. Mesmo que a sua imagem seja pintura fresca, não provoque mais estragos nas dores que ficaram perdidas no meio do caminho.
entre onda e maresia / caminhou em direção ao mar / seguiu sem medo e, / por alguns segundos, / na leveza do voo / deixou todas as nostalgias
/ marcadas na areia.