{"id":128,"date":"2009-01-23T13:59:00","date_gmt":"2009-01-23T15:59:00","guid":{"rendered":"http:\/\/minhasmares.com.br\/?p=128"},"modified":"2011-11-08T09:25:38","modified_gmt":"2011-11-08T11:25:38","slug":"sensibilidade","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/minhasmares.com.br\/sensibilidade\/","title":{"rendered":"Sensibilidade."},"content":{"rendered":"
\"\"<\/a>Ela estava contemplando o sol deitar-se atr\u00e1s daquelas ilhas. O dia estava cansado. Mas mesmo assim, esgotado, ele ainda tinha for\u00e7as para colorir a sua despedida. Os olhos de Sofia vibravam observando aquela tela natural que os anjos, ou talvez Deus pintasse. Era um p\u00f4r-do-sol escultural. O verde das \u00e1rvores misturava-se ao azul do mar e ao alaranjado do c\u00e9u. Os barcos ancorados no cais pincelavam aquele quadro em tons cl\u00e1ssicos. Um espet\u00e1culo! Uma combina\u00e7\u00e3o de cores invej\u00e1veis. Assim, era o final de suas tardes de ver\u00e3o: sentia a brisa tocar seu rosto e despedia-se do sol.<\/div>\n
Naquele momento s\u00f3 existia ela e a paisagem, que nunca se repetia. Cada dia tinha tons diferentes. Sofia desligava do mundo, esquecia de tudo. Mas por um instante sentiu a presen\u00e7a de algu\u00e9m que tamb\u00e9m fazia parte daquele ritual vespertino. Era Pescador que estava ali, sentado, testemunhando tudo. Ele apenas olhou para Sofia e disse:- \u00c9 lindo, n\u00e9<\/span> menina?!<\/p>\n

Com um gesto afirmativo, balan\u00e7ou a cabe\u00e7a timidamente, confirmando a frase daquele velho lobo do mar. Ela n\u00e3o queria que ningu\u00e9m atrapalhasse aquele momento, n\u00e3o conseguia desviar o seu olhar daquele cen\u00e1rio. “Lindo mesmo \u00e9 olhar o sol de perto!<\/span>” – Pensou Sofia.<\/p>\n

– Bonito, \u00e9 poder olhar tudo de perto, menina! – Essas foram as palavras de Pescador.<\/p>\n

Sofia olhou assustada para ele. Era como se aquele ‘pescador intrometido’ estivesse em sua mente. Tentou ignorar a sua presen\u00e7a, mas parecia imposs\u00edvel. Eles estavam interligados, unidos por aquela maravilha natural. Aproximando-se dele, Sofia pediu para contar tudo o que sabia sobre o mar, o sol ou de um prov\u00e1vel encontro dos dois no infinito. Sentado na proa do seu barco, olhando para aquela menina que parecia duvidar das suas fa\u00e7anhas mar\u00edtimas, come\u00e7ou a parafrasear uma verdadeira harmonia com a natureza.<\/p>\n

– N\u00f3s somos um gr\u00e3o de areia nesse universo de praia, menina! Criaturas pequenas que ficam inertes diante de tanta beleza. Encontros naturais s\u00e3o inexplic\u00e1veis! Tudo isso \u00e9 apenas percept\u00edvel. Os nossos pensamentos n\u00e3o conseguem acompanhar o verdadeiro significado dessas express\u00f5es que o sol, o mar, a lua e at\u00e9 mesmo as pedras ensinam e representam. A natureza \u00e9 grande e escultural! \u00c9 pura! O sol \u00e9 a estrela maior, que ilumina todo o dia. \u00c9 ele que aquece a alma, d\u00e1 vida ao mar, encanta os peixes e alimenta a terra. Ele dorme aqui, mas desperta no horizonte. E \u00e9 olhando desse \u00e2ngulo, que ele fica pequeno, im\u00f3vel e toc\u00e1vel! Sim, toc\u00e1vel… Segure o sol quando voc\u00ea se sentir pequena, ele n\u00e3o morre, apenas renasce! Deixe a lua te ilunimar! Caminhe pelas estrelas, o mar seca as suas l\u00e1grimas. Tudo isso parece irreal, mas o encontro no infinito est\u00e1 no seu cora\u00e7\u00e3o!<\/p>\n<\/div>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

Fez-se sil\u00eancio naquele momento. O \u00fanico barulho que se ouvia, era o das ondas. Sofia, finalmente olhou nos olhos cansados daquele homem e sorriu… Ele n\u00e3o era mais aquele ‘pescador intrometido’, era um conhecedor, um s\u00e1bio… E voltando novamente para o horizonte, Sofia pode sentir tudo aquilo que fora pronunciado pelo poeta dos mares. Era uma filosofia de vida. Naquele instante ela entendeu a sensibilidade daquelas met\u00e1foras. O horizonte estava mais belo, ela estava percept\u00edvel!<\/div>\n