{"id":278,"date":"2010-06-11T03:00:00","date_gmt":"2010-06-11T06:00:00","guid":{"rendered":"http:\/\/minhasmares.com.br\/?p=278"},"modified":"2014-10-02T16:04:36","modified_gmt":"2014-10-02T19:04:36","slug":"by-lorena-ferrari","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/minhasmares.com.br\/by-lorena-ferrari\/","title":{"rendered":"By Lorena Ferrari"},"content":{"rendered":"

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E no comando dessa tripula\u00e7\u00e3o, minha amiga e vizinha de f\u00e9rias: Lolli.<\/p>\n

O Poder da Palavra<\/strong><\/p>\n

H\u00e1 mais de um m\u00eas a Su entrou em contato comigo, me pedindo para escrever um texto para o blog, e eu confesso que me pegou de surpresa. Fiquei lisonjeada, aceitei na hora (n\u00e3o costumo fugir da raia), mas admito que desde ent\u00e3o a pulguinha da expectativa se instalou atr\u00e1s da minha orelha. Ser\u00e1 que eu consigo? Porque h\u00e1 um ano eu n\u00e3o paro pra escrever algo que n\u00e3o seja assunto acad\u00eamico. Nadinha mesmo. H\u00e1 um ano n\u00e3o coloco meus pensamentos em palavras escritas, nem para o p\u00fablico e tamb\u00e9m nem para mim mesma… E durante esse um ano por muitas vezes eu quis escrever, cheguei a sentar aqui na frente do computador, abrir um arquivo de texto e encarar a folha em branco… por minutos sem conseguir digitar nada. Bloqueio de escritor? \u00c9, talvez.<\/p>\n

Mas acho que tamb\u00e9m cheguei \u00e0 uma encruzilhada da qual eu n\u00e3o conseguia sair; cheguei \u00e0quele ponto em que o escrever se tornou algo t\u00e3o pessoal que do\u00eda colocar pra fora, mas ao mesmo tempo dava a euforia de quem faz algo grandioso, que \u00e9 dar \u00e0 luz os pr\u00f3prios sentimentos. E essa sensa\u00e7\u00e3o \u00e9 maravilhosa, mas tamb\u00e9m assustadora, principalmente quando existe algu\u00e9m que nos l\u00ea. \u00c9 como aquele sonho em que voc\u00ea, de repente, percebe que est\u00e1 nu no meio da rua, s\u00f3 que pior porque n\u00e3o \u00e9 seu corpo que se desnuda, \u00e9 muito mais, \u00e9 a sua parte mais real, \u00e9 o que voc\u00ea sente, \u00e9 quem voc\u00ea \u00e9. Enfim, por tudo isso n\u00e3o foi f\u00e1cil parar de escrever mas percebi que \u00e9 ainda mais dif\u00edcil voltar. Tanto que h\u00e1 semanas penso em que texto mandar para o bloguinho querido da Su e o \u00fanico tema que me vem \u00e0 cabe\u00e7a \u00e9 o pr\u00f3prio ato de escrever.<\/p>\n

Eu j\u00e1 escrevi, mais de uma vez inclusive, sobre o quanto a palavra \u00e9 poderosa. Mesmo a palavra pensada \u00e9 agente de mudan\u00e7a, n\u00e3o \u00e9 verdade que \u00e0s vezes evitamos at\u00e9 pensar em determinada palavra, por que n\u00e3o queremos que ela se torne realidade, a nossa verdade? N\u00e3o acontece de toparmos o dedo mindinho na quina da mesa de centro de uma sala de espera lotada de gente e, para n\u00e3o ser indelicado, soltamos um palavr\u00e3o interno, e mesmo internalizado ele nos alivia? Ou declaramos amor, ou \u00f3dio que seja, em pensamento e mesmo assim eles fazem o nosso sangue correr mais r\u00e1pido nas veias? N\u00e3o precisamos nem falar para a palavra agir, mas falar ajuda a tornar tudo ainda mais real. Admira-me muito quem tem o dom de falar, mas eu n\u00e3o acho que seja o meu caso.<\/p>\n

N\u00e3o, eu gosto da palavra escrita. Gosto das letras. Sempre fui uma leitora voraz, at\u00e9 um dia experimentar o outro lado e perceber que ainda mais m\u00e1gico do que ler era escrever. \u00c9 uma liberdade esquisita, uma coisa muito doida mesmo, voc\u00ea transformar aquilo que voc\u00ea pensa e sente, em letras no papel (ou na tela do computador), e depois vem algu\u00e9m e l\u00ea. E o que antes tinha impacto apenas em voc\u00ea come\u00e7a a impactar outras pessoas. Uma cascata. Quem escreve passa pelo processo de encarar, agora de forma literal, o que antes s\u00f3 existia no mundo interior. Mas se voc\u00ea tem a coragem de expor o que escreve, algo ainda maior acontece: suas palavras ganham vida pr\u00f3pria na vida de cada um que entra em contato com elas. E \u00e9 aqui que as coisas ficam complicadas, porque a partir do momento que suas palavras modificam a vida de outras pessoas voc\u00ea se torna parcialmente respons\u00e1vel por essa mudan\u00e7a. Voc\u00ea \u00e9 o agente de mudan\u00e7a na vida de algu\u00e9m que, talvez, voc\u00ea nem conhe\u00e7a. Tudo porque resolveu compartilhar seus pensamentos.<\/p>\n

Ter um blog, um livro, escrever para ser lido, pode ser uma experi\u00eancia muito boa ou muito ruim, dependendo do que se escreve, para quem se escreve e quem realmente l\u00ea. Mas quero acreditar que, na maioria das vezes, ela \u00e9 muito boa. Assustadoramente boa. Escrever n\u00e3o s\u00f3 te transporta para um mundo diferente que s\u00f3 existe dentro de voc\u00ea, mas tamb\u00e9m transporta todo mundo que te l\u00ea junto com voc\u00ea. Viajar nos nossos pr\u00f3prios pensamentos, sentimentos e desejo por si s\u00f3 \u00e9 uma experi\u00eancia, por falta de adjetivo melhor para descrev\u00ea-la, \u00fanica. Trazer os amigos leitores como companhia faz a viagem ainda mais fant\u00e1stica e cheia de descobertas. Nem sempre f\u00e1cil, nem sempre agrad\u00e1vel, mas definitivamente incr\u00edvel.<\/p>\n

\"Sitting__writing__wishing__by_mloes\"<\/a><\/p>\n

“Escrever \u00e9 procurar entender, \u00e9 procurar reproduzir o irreproduz\u00edvel, \u00e9 sentir at\u00e9 o \u00faltimo fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador.” (Clarice Lispector)<\/p>\n

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\"twitter\"<\/a><\/p>\n

Lorena \u00e9 bi\u00f3loga, escritora de assuntos acad\u00eamicos, contista, cronista, conotativa e dona do blog Strange Little Girl que encontra-se guardado em alguma gaveta dos nossos cora\u00e7\u00f5es. Mineira, capixaba, baiana, isso depende muito da hora e do lugar. No seu dia-a-dia vive como mineira, e em f\u00e9rias aventura-se pelas baianidades e pelos sorrisos capixabas. Tem se aventurado mais pelo twitter, mas \u00e0s vezes escreve algumas conota\u00e7\u00f5es quando os convites aparecem via email, rs.<\/p>\n<\/blockquote>\n