![\"Imagem:](\"http:\/\/minhasmares.com.br\/wp-content\/uploads\/2012\/04\/letter.jpg\" "\\"letter\\"")
<\/a>Imagem: weheartit<\/p><\/div>\n
Faz algum tempo que n\u00e3o trocamos missivas, mas isso n\u00e3o significa que n\u00e3o continuei escrevendo para ti. Tu sabes que todas as minhas letras sempre foram desenhadas com sentimentos a fim de te encontrar aonde quer que voc\u00ea esteja. Hoje o dia acordou frio, cheio de nuvens e muitas gotas no c\u00e9u. A paisagem daqui desenha tantos mist\u00e9rios, e eu sou uma desbravadora de tempos. Desejei mais do que nunca a tua presen\u00e7a para podermos compartilhar essa esta\u00e7\u00e3o que \u00e9 t\u00e3o minha. Mas o seu calor, infelizmente, n\u00e3o chegou at\u00e9 mim; e assim, comecei a desenhar letras na vontade de ter a tua derme sobre a minha.<\/span><\/em><\/p>\nFolheei o nosso livro que ainda continua na escrivaninha e, por acaso, descobrir milhares de letras tuas que, num dia de sol, chegaram at\u00e9 mim. As tuas l\u00e1grimas estavam tristes e rancorosas, havia uma mistura de sentimentos dentro delas. Acredito que toda essa confus\u00e3o foi porque num tempo qualquer, escrevi sobre algumas aus\u00eancias e, dentro delas n\u00e3o grifei seu nome. Eu sei que algumas vezes eu tento esconder saudades, mas, quem foi que te iludiu que eu n\u00e3o sinto saudades de ti? Quem disse que eu apaguei momentos de nossa hist\u00f3ria? Por mais distante que seja o tempo, por mais apagada que estejam \u00e0s letras, a sua aus\u00eancia provoca eros\u00f5es, que parecem as terras do sert\u00e3o.<\/span><\/em><\/p>\nEu sei que \u00e0s vezes n\u00f3s nos perdemos entre tantas palavras, por\u00e9m, as minhas letras reclamam nas entrelinhas uma presen\u00e7a que ora aparece entre abra\u00e7os, ora em aromas que s\u00f3 eu sei de onde vem. E falando em perder, hoje estou perdida numa paisagem nova. N\u00e3o escrevo mais olhando para o mar, h\u00e1 outros olhares que me distraem. Eu sinto falta da brisa com cheiro de maresia, mas, agora, encontro-me em outros mundos descobrindo subversos nas esta\u00e7\u00f5es. Agora as pessoas que passam por mim s\u00e3o meros desconhecidos com hist\u00f3rias, que quem sabe, parece com a nossa. \u00c0s vezes, quando me perco no meio do caminho, eu te procuro na \u00e2nsia de poder lhe abra\u00e7ar e sentir novamente o seu cheiro reconfortante…<\/span><\/em><\/p>\nEu sei; isso \u00e9 saudade. E eu espero que tu saibas que essa \u00e9 a aus\u00eancia que mais me incomoda. Por\u00e9m, eu gosto das coisas que incomodam principalmente as letras, pois quando elas nos deixam inquietos \u00e9 porque gritam na alma. Acho que ando lendo Virginia Woolf demais, pois cada palavra dela me deixa inquieta, e eu sei que voc\u00ea tamb\u00e9m se sente assim. Lembro-me uma vez em que ficamos por horas lendo e relendo cada verso dela. Era um dia assim: com chuvas e ventos por todos os lados; sinto saudades desse dia, mas sinto mais saudades ainda de ler Virg\u00ednia ao seu lado.<\/span><\/em><\/p>\nN\u00e3o tenho mais palavras que caibam aqui. Como sempre, a minha missiva virou uma confus\u00e3o de sentimentos que s\u00f3 tu \u00e9s capaz de entender. Quantas entrelinhas n\u00f3s j\u00e1 rabiscamos? E quantos versos ficaram por dizer? Chove, e as minhas letras escorrem em cachoeiras de saudade. Chove, e nos meus olhos h\u00e1 uma aus\u00eancia perdida em ti…<\/span><\/em><\/p>\n\u201cPensei o quanto desconfort\u00e1vel \u00e9 ser trancado do lado de fora;<\/span><\/em>
\ne pensei o quanto \u00e9 pior, talvez, ser trancado no lado de dentro\u201d.\u00a0 <\/span><\/em><\/p>\n(Virginia Woolf)<\/span><\/em><\/p>\nDeixo aqui um abra\u00e7o molhado de l\u00e1grimas e chuvas. <\/span><\/em><\/p>\nFico a espera de um abra\u00e7o no papel, pois assim saberei que as minhas palavras incomodam.<\/span><\/em><\/p>\nAt\u00e9.<\/span><\/em><\/p>\nAlgu\u00e9m.<\/span><\/em><\/p>\n