\u201cS\u00e3o Paulo, 3 de fevereiro de 1926.<\/span><\/em><\/p>\n

Lu\u00eds.<\/span><\/em><\/p>\n

Aqui vai uma porrada de coisas pra voc\u00ea. Livro, jornal e brigas. Desejo que o livro te agrade. Tamb\u00e9m se n\u00e3o agradar fale e nada de delicadezas comigo, hein. N\u00e3o \u00e9 por causa duma opini\u00e3o contr\u00e1ria a um livro meu que diminuir\u00e1 um minutinho de minha amizade por voc\u00ea. Como a Paulic\u00e9ia, est\u00e1 causando uma trapalhada medonha. Uns acham loucura, outros confundem com o desvairismo de Pauliceia o que \u00e9 constru\u00eddo at\u00e9 com excesso de teoria, outros acham incompreens\u00edvel, outros acham a melhor coisa que jamais fiz, melhor mesmo que as \u00faltimas. Tudo isso me parece exagero sobre exagero.<\/span><\/em><\/p>\n

(…)<\/span><\/em><\/p>\n

N\u00e3o sei francamente onde irei parar por\u00e9m voc\u00ea pra quem vivo dando minha alma por cartas sabe perfeitamente a enorme sinceridade minha e que essa muta\u00e7\u00e3o constante n\u00e3o \u00e9 mais que a sede cl\u00e1ssica de perfei\u00e7\u00e3o. Perfei\u00e7\u00e3o propriamente n\u00e3o, express\u00e3o de mim mesmo.<\/span><\/em><\/p>\n

(…)<\/span><\/em><\/p>\n

Ciao. Um abra\u00e7o enorme e saudoso, imensamente grato e amigo do M\u00e1rio.<\/span><\/em><\/p>\n

E seu retrato, homem\u201d.<\/span><\/em><\/p>\n

C\u00e2mara Cascudo e M\u00e1rio de Andrade \u2013 Cartas, 1924-1944<\/em>
\n Organiza\u00e7\u00e3o e notas Marcos Ant\u00f4nio de Moraes.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n