As minhas v\u00edsceras sagram,
a minha derme arde
na incerteza dos dias
e no rasgar das asas
que se apoiam em 
paredes descascadas
pelo tempo.<\/p>\n\n\n\n

O meu corpo
j\u00e1 n\u00e3o \u00e9 mais o mesmo,
as minhas m\u00e3os doem
e as minhas entranhas
apodrecem no cansa\u00e7o
que pulsa na alma.<\/p>\n\n\n\n

O mundo l\u00e1 fora
\u00e9 o mesmo daqui de dentro.
Encontra-se absorto
em suas incertezas et\u00e9reas
e vive largado no
abismo do sem fim.<\/p>\n\n\n\n

A fuga n\u00e3o \u00e9 mais iminente;
perdeu-se a ess\u00eancia das coisas
ou ficou ali abandonada
no meio do caminho.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o existe o meio
quando se est\u00e1 no fim.<\/p>\n\n\n\n

O mundo parou ali
onde d\u00f3i a alma e
onde o sil\u00eancio \u00e9 apenas
aquele eco que invade
os meus ouvidos surdos.<\/p>\n\n\n\n

A minha pele sangra,
a minha alma est\u00e1 cansada
e n\u00e3o sustenta mais
todas aquelas dores que
o mundo jogou em mim.<\/p>\n\n\n\n

Tudo o que eu tenho agora
s\u00e3o as cicatrizes que pulsam
na senten\u00e7a redigida
pelos olhares que julgam
saber a efemeridade da vida.<\/p>\n\n\n\n

Rasgou a alma
deixou sangrar
tirou as asas
e partiu.<\/p>\n\n\n\n

Suzana Martins<\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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