Recolho-me a alegria das dan\u00e7as que se materializam perto de mim e provocam emo\u00e7\u00f5es que nunca ficam para tr\u00e1s. S\u00e3o alguns pequenos peda\u00e7os de m\u00fasica que arrebentam em saudades, inventam l\u00e1grimas e trazem o passado e todas as suas sensa\u00e7\u00f5es para perto de mim.<\/p>\n\n\n\n

Aprofundo-me no sil\u00eancio onde guardo todas as minhas lembran\u00e7as, sejam elas alegres ou tristes, e, reinvento uma mem\u00f3ria recheada de verbos que aparecem conjugados no futuro do pret\u00e9rito.<\/p>\n\n\n\n

Nostalgia… \u00e9 isso que conservo dentro de mim.<\/p>\n\n\n\n

Saudades. Defini\u00e7\u00f5es inconstantes de um sentimento que est\u00e1 al\u00e9m das minhas percep\u00e7\u00f5es. E mesmo que o verbo tenha a sua conjuga\u00e7\u00e3o, essa mistura de palavras e emo\u00e7\u00f5es atravessa a futilidade do meu poema.<\/p>\n\n\n\n

Como \u00e9 f\u00fatil escrever num corpo de paix\u00f5es que carrega mem\u00f3rias vazias!<\/p>\n\n\n\n

Pobres poetas que tentaram traduzir em letras um universo paralelo. N\u00e3o sou poeta, sou apenas uma fazedora de letras apagadas que sente al\u00e9m do pulsar. Imito versos que caem nas \u00e1guas e perdem-se em ondas.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 quando vou escrever as minhas confusas nostalgias na areia para serem apagadas pelo mar?<\/p>\n\n\n\n

Entro em meus sil\u00eancios e em prantos recolho-me as minhas metades que gritam em palavras. Palavras… essas pobres met\u00e1foras sem sentido que estremecem a minha intelig\u00eancia e todas as minhas mem\u00f3rias vazias. Des\u00e7o at\u00e9 a \u00faltima gota de l\u00e1grima em um sil\u00eancio profundo, para escutar o meu prato al\u00e9m dos ecos da terra.<\/p>\n\n\n\n

Contradi\u00e7\u00e3o… \u00e9 que isso que carrego em meus versos: um palavrear contradit\u00f3rio de mim.<\/p>\n\n\n\n

Sou eu quem vive em uma constante salada de letra e mesmo assim, nunca serei capaz de entender as minhas palavras grifadas. Rasgo as minhas p\u00e1ginas e grito um poema que se esconde entre os raios de sol.<\/p>\n\n\n\n

\u00d3 palavras vazias essas minhas!<\/p>\n\n\n\n

Anulem os meus versos, pois eles n\u00e3o podem ficar registrados no di\u00e1rio onde guardo todas as minhas esta\u00e7\u00f5es!<\/p>\n\n\n\n

Porto Seguro, 14 de julho | 17h58
<\/em>Di\u00e1rio das Esta\u00e7\u00f5es – \u00daltima P\u00e1gina<\/strong><\/p>\n\n\n\n