As sombras contornam silhuetas pela cidade. H\u00e1 beleza na imensid\u00e3o escura. Desenhos litor\u00e2neos com pequenos tra\u00e7os urbanos a fundir luzes, chuva fina e a maresia que brilha entre os far\u00f3is dos carros a atravessar a beira-mar.<\/p>\n\n\n\n

A cidade est\u00e1 cheia. uma euforia emerge por todos os lados, mas eu n\u00e3o quero essa agita\u00e7\u00e3o. Fico aqui no meu canto. Acomodo em meu lugar abstrato e no sil\u00eancio da minha voz. Deixo as minhas asas guardadas e esque\u00e7o, por alguns instantes, o mundo l\u00e1 fora.<\/p>\n\n\n\n

Quero apenas a voz das letras e o barulho do grafite ao cair no papel. Escrevo cartas que nunca ser\u00e3o lidas. Fa\u00e7o anota\u00e7\u00f5es em di\u00e1rios que ficar\u00e3o esquecidos. Enquanto o mundo se agita do lado de l\u00e1, as palavras saltam dos meus dedos, percorrem cada mol\u00e9cula da minha exist\u00eancia e escrevem resqu\u00edcios do meu sil\u00eancio entre as minhas retic\u00eancias agudas.<\/p>\n\n\n\n

Uma m\u00fasica no player. Uma x\u00edcara de ch\u00e1 para acompanhar os meus devaneios. Cen\u00e1rio l\u00fadico. Deserto s\u00f3 meu. Quietude. Recanto.<\/p>\n\n\n\n

Fico aqui alojada no sil\u00eancio da noite enquanto a chuva escorre pela minha janela…<\/p>\n\n\n\n

Dezembro\/2010
Di\u00e1rio das Esta\u00e7\u00f5es<\/em><\/p>\n\n\n\n