Precisava tanto daquela sensa\u00e7\u00e3o louca e indescrit\u00edvel de descoberta, de peixes multicoloridos em sua rede… Precisava… Quem sabe poderia at\u00e9 achar uma sereia… Quem sabe… Uma sereia de belos cabelos e voz, inteira, maravilhosa… Sonhava ele… A palavra havia quebrado em mil cristais, n\u00e3o havia como col\u00e1-la… Nunca mais… Nunca mais…<\/div>\n
Viu ele sair mar adentro, cheio de expectativa e desejos… Viu ele encontrar falsas p\u00e9rolas.Acompanhou distante toda a odiss\u00e9ia daquele Ulisses \u00e0s avessas… N\u00e3o se sentiu Pen\u00e9lope. Isso nunca! N\u00e3o esperou, n\u00e3o dispensou pretendentes, n\u00e3o desfez o fio da trama. Dormiu em paz todas as noites desde que ele partiu. N\u00e3o sofreu porque havia cansado de ser seu porto seguro, havia cansado…<\/div>\n
Deixou apenas que ele se enroscasse em sua pr\u00f3pria rede de sonhos, que pescasse outra e outra e outra ilus\u00e3o…”<\/div>\n
(Karla Bardanza)<\/div>\n
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