A manhã passou melancolicamente por aqui. Alguns botões começam a enfeitar o jardim e perfume suave da relva molhada confunde com o aroma do dia amanhecido. É a beleza do final da estação a confundir as intempéries.
cartas
Eu sempre lembro de ti quando vejo um ipê florido, principalmente os amarelos. Você é sempre tão solar. Aprendo muito com o teu universo.
Antes do negro abraçar o céu por completo ele reinventa-se em vários tons de azul e cinza. Às vezes, dependendo da época do ano, é possível avistar amarelo, laranja, violeta e outras cores a deslumbra-se no infinito. Aprendi a amar o céu quando reverenciei o mar.
Tenho tantas coisas para lhe dizer, Anita. Falar de como a sua coragem contribuiu para que pudéssemos mergulhar no mundo das artes. Dizer como a tua força feminina contribuiu para o nosso encontro com as tintas, pinceis e letras. A sua passagem e convívio com os vanguardistas valeram a pena.
V. Ontem procurei as tuas letras esquecidas no papel de carta amarelado pelo tempo que teu silêncio causou em mim. Profanei alguns versos escritos e reverenciei aquelas letras meio apagadas pela ausência das tuas falas. Olhei para céu a procura de algum resquício de memória dos detalhes que gostas só
Rasuras em um dia de chuva… Hoje no rádio tocou a nossa música; e por um instante mergulhei em todas as nossas lembranças atemporais… Fiquei imóvel. Apenas a minha mente exercitava as memórias dos dias que, não sei por que, ficaram num pretérito cheio de pó. Queria sair dali e