Deixei o medo afogado/ nas memórias vazias do ontem,/ refiz minha rota e/ renasci naquele poema sagrado/ concebido sob luar outonal do meu existir.
Poético
As palavras deixadas no jardim / foram adubadas / irrigadas / infiltradas / pela tua letra tardia / escrita num inverno / carregado de espinhos.
A fala afiada / a rasgar a solidez da pausa. / O canto perdido / a romper os tímpanos. / O silêncio na fenda / a dilacerar o peito.
O ponteiro veloz / sem intervalos / pausas / laços soltos / a viajar / num relógio vazio / sem data para voltar.
Não estou mais em mim. /Morri lentamente / pouco a pouco /largada /imóvel /abatida /esquecida em algum lugar /das minhas entranhas /partidas.
Teu corpo ardente / pele quente / em chamasem brasas / a chamar pelo meu querer / aquele / tatuado em tua carne nua.