6 on 6 – Meus rituais
Tenho vários rituais que abraçam os meus dias. Desde os palpáveis, aqueles podem ser fotografados e registrados, até aqueles abstratos cujas as lentes não alcançam. Alguns desses rituais ficam no movimento do corpo, na amplitude do olhar e na expressão do dia a dia.
Somos moldados por eles… eu acho!
A rotina dos meus dias é um ritual a desabrochar em cada amanhecer.
A começar pelo meu contato matinal com o universo. Gosto de alcançar a natureza quando ela acorda. Preciso ficar alguns minutos em silêncio para sentir a brisa arrepiar a derme, para perceber o aroma do orvalho misturar com o urbano, ouvir os pássaros e tentar descobrir em qual árvore o dono daquele canto está.
Depois destas percepções, um sorriso escapa dos meus lábios e saio por aí a pedalar esquinas, atravessar ruas e encontrar um refúgio ensolarado para celebrar o amanhecer. Fotografo sombras, algumas poças d’águas esquecidas ou detalhes a desenhar o dia ensolarado ou nublado, depende como o universo vai entregar a alvorada.
Sim, o meu dia começa depois de perambular pelas ruas-acochego da cidade.
Nem sempre a bike me acompanha nesse rito matinal. Gosto de sentir a rua sob os meus pés. Observar as flores que crescem pelos canteiros das casas ou as árvores que enfeitam o céu com as suas copas espetaculares. É uma imensidão a anistiar o meu sentir mais agudo. Andar pelas mesmas calçadas, descobrir outros caminhos e olhares que partilham a mesma rota é sempre um encanto a enfeitar a trilha.
No meio do caminho a nuance da estação que nunca se despede do meu olhar…
Voltar desse encontro com a natureza rende algumas frases inacabadas, uma poesia incompleta ou verbos inteiros conjugados. Acendo um incenso, ligo o player e deixo o dia interpretar os acordes de uma canção ou do poema que escrevi outro dia.
Para o ritual da escrita algumas doses de café a molhar a página. A letra sorve o líquido e absorve a passagem do dia sem se preocupar com os detalhes do amanhã. Nesse rito de escrita, o grafite circula pelas páginas no rabisco profundo de uma poesia etérea e, muitas vezes, efêmera.
Há um lirismo absurdo na despedida do dia, mas é no outono que o meu ritual de observação fica mais aflorado. Há em mim uma necessidade quase que crepuscular de render as cores do entardecer outonal. Todos os finais de tarde de outono eu procuro o melhor lugar da casa para observar o espetáculo da despedida.
Sobre o ritual noturno: espalho livros pelo chão, preparo um chá de sabor aconchegante e deixo acontencer o encontro entre letras, versos, histórias e rascunhos para o dia seguinte.
Projetos: Blogvember e 6 on 6 – Scenarium Livros Artesanais
Participam juntos comigo: Lunna Guedes – Obdúlio Nunes Ortega – Roseli Pedroso e Mariana Gouveia
Lunna
Confesso que eu viajei nesse seu ritual, alguns são bem próximos da minha realidade diária… quase que nos misturamos em certos movimentos, um pouco antes ou depois da primeira hora. rs
Mariana Gouveia
Gente, eu acho que vou imitar todo mundo aqui e ali….
Suspiro e suspiro <3
Suzana Martins
suspiremos!! <3
Beijos, menina Mariana!!
Suzana Martins
Ah Lu…. a gente se encontra nesse rito de palavras, imagens e papel.
Tão bom!! <3