[Texto escrito por mim e pela Mari. Leia mais sobre Victória aqui e leia mais sobre Thereza aqui]
Victória estava com os pés na água do mar, balançando e observando o movimento das águas. E longe dali, longe do mar, Thereza andava em círculos pela grama.
Talvez estivessem esperando o tempo passar, ou talvez estivessem descarregando as energias. Nem se sabe ao certo se as energias se descarregam dessa forma, mas elas adoravam escutar essas coisas ‘zen’ e prová-las sempre que possível…
Eram duas mulheres que gostavam de pensar.

Uma coisa é certa: mulheres têm medos tão secretos que elas sequer conseguem concretizá-los em pensamento.

Victória pensava “Por que as pessoas perdem e pedem tanto tempo?”. Thereza pensava “Quanto tempo eu preciso dar para o tempo resolver o que precisa ser resolvido?.”Seria o tempo justo para essas mulheres que tem medos secretos?

O tempo é um remédio e um veneno, pensava Thereza, que de tonta optou sentar-se na sombra de sua árvore predileta.

Victória, cansada de ficar sentada pensando esperando o tempo passar, pega a sua canoa e começa a remar sem direção. Passa por vários lugares e quando parou, se deu conta de que estava em águas doces.Thereza estava tonta demais com tudo. Com as voltas, os pensamentos e o próprio tempo. Fixava seu olhar no horizonte que parecia olhar para lugar nenhum. E ao longe, dentro da canoa, Victória avistava alguém sentada olhando nada, às margens de um lago.

Thereza nem sequer percebeu que ao longe um barquinho vinha. Victória continuou a remar até a margem. A sua curiosidade era grande, queria saber por que fora parar ali, nem viu o tempo passar, nem vira como chegou naquele lugar tão diferente de sua praia, do seu mar…

Será que para tudo tem um tempo mesmo? Será que o tempo une pensamentos? As vezes falamos assim: “dê tempo ao tempo”… Mas quanto tempo é preciso esperar para o tempo certo? Thereza pensava.Victória queria descobrir! Elas queriam entender outros mundos, outras situações, outros lugares…

Victória fora remando em busca de amizade e novos horizontes. Thereza continuava olhando para o nada pensando em tudo.

A canoa se aproximava e como quem acorda de uma parada cardíaca, Thereza fixou seu olhar no objeto que bailava no rio. Esfregou os olhos tantas vezes quanto foi necessário. Era difícil de acreditar que uma canoa tão simples chegava até ali. Não era comum se ver canoas pelo rio. E canoas como aquela? Nunca fora visto uma única peça… Era intrigante. Era fascinante.

Thereza deixou seu egoísmo impregnado de lado e passou a pensar naquela canoa, naquela pessoa… Quanto tempo ela já estava remando? Não importava quantos epochés ela fazia. Estava difícil demais suspender seus conceitos. Ela estava contaminada com essa história de tempo.


Continua…