O belo e aromático buquê de rosas vermelhas estava sobre a mesa. Flores de cor escarlate que parecia uma pintura em alto relevo. Rosas! Jardim de flores que chegavam para desculpar momentos de tensão. Flores que poderiam murchar ao cair uma lágrima…

Havia espinhos que me feriam e sangravam. A cor viva era sangue. Meu coração ferido escorre ensanguentado de dor!

Nunca mais me ofereça rosas vermelhas. Elas são os seus presentes tristes… Acabo sempre por me magoar nos espinhos que me invadem a pele e se disfarçam na perfeita convenção do amor. Não me voltes a oferecer rosas porque as tuas são envoltas em arame farpado e tu insistes em regar o pé da roseira com o sangue que brota das minhas feridas.

Por favor, esqueça todos aqueles momentos que enfeitamos com flores do campo. Não quero mais as suas rosas, sejam elas brancas ou vermelhas. Não quero mais as suas flores, mesmo aquelas embrulhadas em sorrisos. Desejos venenosos, presentes hipócritas e falsas entregas.

Eu nem sequer gosto de rosas vermelhas, estranho não é? Logo eu que tenho o vermelho como uma das minhas cores preferidas. Logo eu que uso escarlate nas unhas. Mas não me presenteie mais com rosas vermelhas. Prefiro que me ofereças uma rosa negra, esse negro aveludado da cor das sombras, do que as delicadas rosas vermelhas.

Vou te surpreender de uma próxima vez. Um dia eu te oferecerei flores! Aquelas que sempre me ofertou. Você sempre gostou das rosas coloridas. Umas vermelhas, outras brancas e singelas, de todas as cores!

Cultivarei um jardim cheio de rosas e flores do campo. Aproveitarei dessa sua fraqueza, do seu amor pelas flores e removerei todas, ficarão apenas os espinhos… As regras acabaram de se tornar iguais.

Entrarei no seu jogo e vou presentear você com uma rosa tatuada de intenções. Um dia quando for a sua vez de sangrar, arrancarei as pétalas, uma a uma, e com um sorriso vitorioso verei os espinhos rasgarem a sua pele.