As lágrimas rolaram quando Victória começou a ouvir aquela música. Não sabia ao certo porque chorava, mas a única certeza que tinha, era que aquela canção a levava há uma dimensão inexplicável. Sentia saudade de um lugar ao qual nunca fora, sentia um aperto no peito e lembrava-se de uma infância feliz cheia de amigos, e a saudade foi apenas o que restou. Alegrias constantes sem preocupações com o amanhã, brincadeiras de roda, passeios, uma vida sem limites, sem horários, sem telefones, sem qualquer tipo de compromisso que pudesse lhe atrapalhar…

Era aquela nostalgia que batia novamente à sua porta. Prometera não mais deixá-la entrar, mas eram sensações que lhes fazia tão bem que perdera a conta de quantas vezes havia prometido ignorar todos aqueles sentimentos…

Sonhos caídos, mundos destruídos amores perdidos… Desilusões! Talvez, depois que cresceu, passou a desacreditar nas pessoas, nos sonhos, nos amores… A sociedade com toda sua hipocrisia ensinou-lhe a viver desacreditada. Mas é no carinho e atenção de algumas pessoas amigas, que Vick tem encontrado refúgio e com isso voltado a sorrir e amar…

Sentiu medo! Mas foi um medo de viver em um mundo completamente confuso e hipócrita, então resolveu criar o seu próprio lugar, os seus sonhos, as suas fantasias, e principalmente os seus amores.

Os amigos sinceros, as melodias, as palavras balbuciadas, os sonhos que voltam a ser reconstruídos… A luz se ascendeu, o mundo voltou a sorrir…

Mas as palavras não conseguiam sair, apenas balbuciava os seus dizeres. O que Victória realmente queria era ser ouvida e compreendida, mas parece que isso não acontecia, todos a condenavam por viver em seu próprio mundo, (vê se pode, consideravam-lhe egoísta!).

“Egoístas são vocês que realmente não entende e não faz esforço algum para compreender o que se passa no coração de cada um! Todos vivem em seu próprio casulo, e ainda falam que eu sou completamente egoísta…”

Acabara descobrindo que solitários são todos… Todos têm um mundinho particular que escolheram para serem felizes. Victória era feliz, apenas queria esconder uma tristeza que não sabia de onde vinha… Mas era feliz… Apenas as suas metamorfoses levavam à sua nostalgia particular…

E assim todos seguem,
ouvindo a canção
encarando a solidão
e procurando sorrisos
em rostos que disfar
çam tristezas.
A única coisa que não sabem
é onde está toda beleza…