Pássaros

Cantos. Pássaros. Asas. Vozes.
Melodias simbólicas em meio ao temporal.

Dentro de um alvoroço mundano,
pude ouvir o canto dos pássaros
incendiando a minha tarde vazia.
Um tipo de chamamento oblíquo
para as letras que nasciam dentro da estação.
Silenciei as minhas vozes,
e procurei perto, longe
cada toque daquela sutil melodia
que entardecia entre galhos e folhas.
Parecia até uma madrugada
que corre em horas soltas
com ruídos mágicos de tempo sem limites…

Não era madrugada, era uma tarde vazia,
cinzenta, sem rio ou mar por perto.
Procurei mais uma vez aquele canto
e um súbito cansaço trouxe até mim
o som de um lugar onde nunca estive…

Eu não pude entender tais ruídos,
nem compreendi os caminhos
que circulavam dentro de mim.
Mas, naqueles rastros,
escorria uma alma deserta,
que dentro do oásis cantava a vida
como uma ave liberta.

Suzana Martins – junho/2012

Imagem preto e branco com desenhos que representam a planta dente de leão. A ilustração é do goole imagens