Dias de saudade, noites de ausência…

“Eu só quero que você saiba
Que estou pensando em você
Agora e sempre mais
Eu só quero que você ouça
A canção que eu fiz pra dizer
Que eu te adoro cada vez mais
E que eu te quero sempre em paz”

(Marisa Monte – A Sua)

Você partiu, ao amanhecer, e deixou o rádio ligado, tocando aquelas canções que escutávamos sempre no final do dia…

Desde que você se foi há silêncios por aqui. Silêncios que gritam pelos portões da saudade, silêncios que ultrapassam o coração e explode sentimentos metafóricos… Não sei se existem sentimentos que vão além das metáforas, sei apenas que é isso o que eu sinto, e o meu sentir é existir!

Há momentos em que as palavras deslizam entre dedos sem pedir licença. Já outras vezes as palavras viajam com o vento e se perdem entre tantos outros lugares, olhares, momentos… Palavras são assim, não aparecem quando queremos, elas só aparecem quando tem vontade, quando elas estão afim. Eu nunca vou entender esses verbetes que brincam dentro de mim…

Será que um dia essas confusas palavras brincarão de versos? – Não sei! Há dias que procuro verbos e encontro apenas mil letras embaralhadas numa gaveta de versos tortos…

Cadê as palavras?!

Não tenho palavras, tenho apenas os meus medos guardados em mim. Medo da ausência, medo das palavras, medo das canções que tocam quando a saudade grita…

Eu não te vi caminhando pelas ruas a procura das minhas palavras, mas te vi perambulando pelas entrelinhas do poema. Eu não ouvi apenas a sua voz repetindo a saudade escondida em nós, eu cantei contigo aquela canção… mas, hoje, encontra-se apenas aquela saudade escondida, e a presença que a própria canção levou de mim. Tenho medo!

Eu te contei?! 

– Os medos me fizeram desistir das palavras, uso apenas as entrelinhas para contar os meus segredos e os desejos que estão guardados aqui dentro. Às vezes uso as notas de rodapé, só para ter certeza que você lerá até o final, mas os poemas, aqueles versos tortos eu joguei em algum lugar onde a chuva fez questão de molhar…

Voltei ao ritual das cartas, voltei às letras, mesmo não tendo todas elas em mim, mas sinto que escrever para você é uma maneira de está mais perto de ti.

A ausência do seu cheiro, da sua voz faz com que as minhas palavras ausente-se de mim, mas de alguma maneira eu procuro encontrá-las na canção que toca no rádio que você esqueceu ligado…

Não se assuste com a incoerência das minhas frases, mas é que estou com saudades e quero que as minhas letras cheguem até você pelas entrelinhas dos versos…

Beijos no seu coração

Alguém

Nota de rodapé: saudade gritante nesse silêncio todo.