Sapatonices

“Vamos abrir a consciência
vamos rever considerações
vamos deixar a tirania pra nunca mais
vamos aceitar as pessoas como elas são”!

[EDU LAZARO]

Imagem: weheartit

Eu sou sapatão! Esse é o estereótipo que a sociedade usa para nós meninas homossexuais. E, aproveitando desse chavão, quero deixar bem claro que todo tipo de preconceito está mais que ultrapassado. Quando as pessoas irão entender o significado da palavra amor? Muitos falam, escrevem e cantam sobre esse sentimento sem ao menos entender sua real acepção. Pode parecer simples e fácil gritar ‘eu te amo’ para algum conhecido, entretanto, o amor é algo muito mais complexo e precisa ser compreendido para ser revelado. Amar é viver sem medo. Amar é aceitar sem rótulos. Amar é amar.

Eu perdi muitos ‘amigos’ quando eu me aceitei. Pessoas que diziam me amar acabaram me colocando no banco dos réus e sentenciaram a minha culpa. Mas, que culpa? Onde está escrito que é crime amar? Sem direito a toda e qualquer resposta fecharam a porta do ‘eu te amo’ e passaram a explanar repúdio e revolta. A minha sentença estava decretada por ver além do amor. Fui levada para fora da cidade, me expulsaram do ‘mar de rosas’ que o mundo vive e fui obrigada a fazer morada numa cela onde o preconceito é um carcereiro cruel.

Não! Essas reações não são amáveis! Toda ação de preconceito não há Deus, e muito menos, amor. Quando criança a minha mãe me ensinou que Deus ama os seus filhos sem julgá-los. E hoje, que sou adulta me pergunto: ‘por que tanta cólera, antipatia e rancor vêm daqueles que se dizem homens de Deus?’ Não quero colocá-los no banco dos réus como foi feito comigo. O que eu quero? Respeito e tolerância, pois aprendi que o amor não se julga. É certo que todo esse ódio não vem Deus e sim de seres humanos que não compreenderam o significado de um sentimento tão puro. Não é a igreja que é intolerante. A incomplacência vem de um pequeno grupo que não soube interpretar o versículo bíblico: ‘amai ao próximo como a ti mesmo’.

Nós – gays, lésbicas, negros, mulatos, pobres, ricos, brancos, homens e mulheres – fomos feitos a imagem e semelhança de Deus e, somos diferentes numa sociedade que nunca foi igual. A personalidade e o caráter de alguém não podem ser medidos pelo seu comportamento sexual ou sua cor da pele, mas sim, pelos atos de hombridade feitos ao longo da vida. Será que é tão difícil aceitar o diferente ou é o amor que está tão apagado e banal?

Suzana Martins – 26 anos, jornalista, blogueira, mulata, baiana (Paraíba), lésbica e cansada de tantos estereótipos expostos por uma minoria que cresce no mundo.