Urgências

“E quando vem assim, nessa urgência
Elas se jogam, pulam, brincam,
Saltam nas linhas em grande festa.

Com sorriso escrito, volto a ser palavra
Será que é isso que chamam poesia?
Ou será isso somente o delírio do poeta?”

Fátima, do blog Alma à flor da pele

Imagem: weheartit

Perdi a mão. Não sei mais arrumar as palavras no papel. As minhas conotações já não derivam de sentimentos explícitos e as minhas metáforas vivem num alvoroço sem fim. Talvez a minha inspiração tenha desembarcado numa dessas estações por onde passei e, eu nem a vi partir. Já não escrevo mais como antes, estou sem rumo. As minhas rasuras são tão velhas que a coerência abandonou-a num asilo de versos esquecidos.

Preciso de tempo e espaço para reorganizar todas as palavras que estão embaralhadas em mim. Preciso de solidão. Necessito de um silêncio agudo e, por um momento, não ser interrompida por ninguém. A minha maior necessidade hoje é ter letras escritas na alma… Silêncio, por favor! Não me interrompa; respeite os meus mórbidos versos, que aos poucos restabelece seus batimentos.

Tenho urgências de palavras e de histórias patéticas que, no final do dia, são apenas poemas sobre céu e mar. Mesmo repetidas e incoerentes, eu preciso de palavras para sobreviver.