Letter #12

Dias e noites de saudade.

Faz tempo que não tenho notícias suas, por isso, resolvi escrever para espantar a saudade. Não sei como andam as coisas por ai nem sei, também, como os seus sentimentos têm pulsado. O meu atrevimento, em escrever esta missiva, busca palavras que ultrapassam a saudade que fez morada em mim. Sinto falta dos versos e das letras que trocávamos a cada estação. Há uma ausência absurda de pontos e vírgulas seus, que nem a chuva parece bela. Eram as suas cartas que enfeitavam os meus dias.

Mudei. Mas, sou a mesma pessoa de águas salgadas que um dia você abraçou.

Troquei o chá pelo café. As tardes a beira mar por um passeio no parque, mas, a minha essência é a mesma. Ainda sou aquela que você conheceu e que sempre espera por versos outonais num dia quente de verão. Continuo acreditando que as palavras são como brisa suave sussurrando em minha derme.

Ultimamente tenho sentido saudades de tudo, principalmente, de um por do sol a beira mar. Como esse espetáculo me faz falta! Faz tempo que não sinto o sal pousar em minha derme, nem percebo a areia sob os meus pés.

Ah o mar! Esse que eu aprendi a amar desde pequena, agora aparece para mim de outras maneiras, com outros significados; hoje, ele mora longe dos meus olhos… Eu que sempre achei que as ondas inspiravam saudades, essas agora gritam em mim trazendo outros mundos, outros temas, que eram longínquos, e, que ultimamente habita perto de minh’alma.

Mar de gente.
Mar de poesias.
Mar de amar.
Mar de saudade,
foram esses mares que aprendi a gostar.

Não sei se você ainda acredita nas mesmas coisas daquele tempo em que escrevíamos; sei apenas que mora no mesmo lugar e, ainda cultiva alguns velhos hábitos. Sei que ainda escreve missivas, mas não sei se continuas a ler o mesmo livro de poesias. Sei que aprecia o amanhecer do sol a beira mar, mas não tenho certeza de que aprendeu a gostar do verão. Gostaria de saber como estão as ondas, as letras que desenhou na areia e se o cheiro de maresia ainda conta histórias saudosas.

Conte-me o que tem feito, e, desculpa-me pelo atrevimento dos versos…

Imagem: google

P.s.: Ainda continuo sem saber compor ordenadamente as letras.

Abraços saudosos na esperança de receber notícias do mar.

Até.

Alguém.

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