Palavras, esses vazios de mim
Foto: Suzana Martins/arquivo pessoal

Foto: Suzana Martins/arquivo pessoal

Pensei em algumas letras, alguns versos, mas as palavras ficaram na inércia do sentimento. Tudo ficou em branco, ou negro, não sei nada das cores para divagar metáforas… Não consegui traçar as minhas sílabas tortas, nem aquele texto com palavras absurdas que rabisquei numa madrugada insone.

Até conjecturei parar de escrever, mas, esconder as minhas palavras seria deixar que eu morresse aos poucos, como em conta gotas. Gosto das letras desenhadas, dos versos que rasgam os sentimentos. Gosto ainda mais, daquelas letras que soam como música. Pode ser em dó, ou até mesmo em lá menor. São esses fragmentos de versos que me ajudam a respirar.

Não quero morrer no vazio dos rascunhos. Não posso deixar palavras perdidas num guardanapo de papel que será lançado ao lixo do sentir. Preciso das rimas, tortas ou certas, para sobreviver. Os versos revelam meias verdades de mim, por isso sinto a necessidade de respirar por meio deles. Escrever é apenas uma maneira de esvaziar a alma…

Repito sim todas as letras, às vezes até, como espelho refletindo imagens. Mas, não posso deixar o barco a deriva e navegar num mar vazio de sentimentos. A minha derme é uma mistura de versos, água e sal. Fragmentar, mesmo no vazio de mim, é entender que o escrever é respirar.

Respiro. Escrevo. Vivo. Rasgo as folhas. Faço algumas conotações. Mas as metáforas, mesmo que vazias, são cheias de mim… Escrevo, repito letras, mas não deixo de existir!

Suzana Martins 07/2014