By Denison Mendes
Hoje, quem comanda a embarcação é o querido Denison Mendes
um rascunho-roteiro. há pós da meia-noite e uma cortina de fumaça
as cenas.
uma toada lírica. olhar distante. velhas histórias. papéis amassados. a mesa repleta de achados e perdidos. a cortina a dar adeus sem escrúpulo. a misteriosa madrugada espreguiçando-se sobre os telhados, derramando-se nas calçadas, abraçando a cidade insone que suspira. um susto ecoa nas esquinas, nos cantos escondidos da vigília e becos que fecundam ilhas ébrias, na tontura de uma ausência que bate no chão.
num lugar qualquer, sem nome nem charme alguém se dissolve no álcool, vendo o sol no asfalto numa nebulosa miragem, areia movendo-se na cela do tempo, madrugada movediça. o ego bebendo a vida pela ótica da garrafa. vivendo a garrafa pela bebida ótica. engarrafando a ótica pela vida bêbeda. um outro alguém dialoga consigo. sou o cão que ladra o osso alheio, canos de fumaça, caninos cinzas enterrados na selva, e do céu nada salva… uma revoada de palmas. os homens abandonaram o barco e nadaram até as costas paradisíacas que abunda. os ratos tomaram conta da viagem sob os aplausos do céu.
do outro lado da vida vem a resposta. agora a língua é minguante que a lua vacila na crescente vigília virtual, vitral néon na madrugada fria sem destilado… muito menos do outro escuro. e quando da secura das mãos, que da fonte não mais terá o beijo, selvagem é a busca no leito vazio… labirinto de espelhos e espinhos.
uma tosse. um pigarro. um incômodo. um resmungo. alguém pede silêncio. depois do gatilho, as gatas e os rastilhos do pó, não me pergunte, perdi os fios da miada, fiquei com os nós. vê-los era quase tropeço. o fole acende e arde, o que a fela dos lábios da cela libertou, falas longínquas que poucos ouvem… na escrivaninha uma pausa. atrás da beleza do rosto dela, o pássaro suspendeu o vôo no silêncio do retrato.
outro monólogo é ouvido. o fado fode as fadas, verdes mistérios de poeta verlaniano, mar ciano de ondas enevoadas. apregoava em riste o prego na mágoa viscosa da carne. ventava dos olhos a ira. a aranha tecia o véu. os grãos de areia descansam da queda. estradulo minha estrídula negra sorte pela estrada, pela vida, pelo nada. gozo do sorrateiro riso da morte, cambaio que sou. não escrevo um castelo de cartas marcadas, nem de areia pelo buraco da fechadura do relógio senil. avisto o oceano, nado. vou dançar na beira do abismo e correr todos os sustos, suspirar tempestades e engolir soluços, cortejar o precipício.
tudo. foi baseado. em fato real. três ficções encardidas numa noite que não dormia. a xícara um astro, lábios reinventado o caos. uma divina colméia de azáfama, a má fama escorrendo demente. um homem reclama, é dante sem dantesca pressa. na ardência da cova rubra, repousa. sádicos súditos satíricos, opulenta massa transviada desbundante desvairada. da jugular o veneno remédio tenso e repetitivo salta aos olhos.
queria ser piva-poeta que é rastro que o pavio apura. pura pólvora a acender o povo. o acordar do pó. é o pico do eco proto profundo a arder a selva ninfa. queria ser um vaudeville low profile. a arte é altar de imolação da est[é]tica. a aparência projetada e superficial de carnes e vultos, sombrios e velozes, cínicos e cênicos. minha fase sidvicious utópica de carreiras colarinho de brancas nuvens ilustradas num HQ de tontos fantasmas shakespearianos. não, nunca existi. a baba eletrônica escorre do canto da boca do homem amarrado ao sofá. uma corrente elétrica o prende e ele nem sabe o motivo.
the end.
Denison Mendes, 39 anos, jornalista em formação antropossociológica e política. Um indivíduo do seleto grupo dos comuns em meio a celebridades de raridades instantâneas. De uma cosmoprovíncia, a pintar em português.
Por onde ele navega…
Contato: denisonmendes@hotmail.com
Blog: Bahrboleta
Twitter: @denisonmendes
Rosane Marega
Su, ADOREI!!!
Beijosssssssssssss
Suzana Martins
Meu querido Denison, desde que você aceitou o convite para publicar um texto seu aqui, eu fiquei honrada e feliz.
Você, um poeta de todas as palavras que encanta, que rasga a alma e que interpreta o olhar.
E que texto, meu amigo?! Um texto riquíssimo, cheio de detalhes, de histórias e de uma só história. Um monólogo, um prólogo e todas as letras reunidas na plateia aplaudindo você, que és grande poeta e escrivinhador! rs
Beijos e muito, muito obrigada mesmo pela sua participação!!
Uma honra!!!
Beijos
Valéria Sorohan
Isso é mistura de artes!! Na verdade a Arte é uma só mesmo! E vc passeia com intimidade pela Literatura e a Pintura…e…outras "artes",né, não? Ficou uma tela linda esse texto! Ou essa tela ficou um lindo texto? Aplausos aqui.
BeijooO'
Tatiana Kielberman
Meu caro Denison Mendes,
É um prazer vê-lo aqui em um blog que me é tão querido!!
Sou sincera quando digo que suas obras são um espetáculo, um show do começo ao fim.
Não é possível parar ou desistir de decifrar os significados ocultos nas estrelinhas, e esse é o mistério mais intrigante de sua obra, querido poeta!
A combinação de rimas, as imagens, as palavras fortes e o clima envolvente do texto seguem me perseguindo… sinto que vou ler e reler diversas vezes!
Parabéns, meu querido… Certamente, as cenas acontecem conforme nós as construímos!
Beijos para você, sou sua fã!!
Su, parabens pelo INCRÍVEL convite ao Denison! Você é demais!
Daniela Filipini
Magnífico. Definitivamente, parabéns.
Denison Mendes
entre marés nos encontramos, vasto profundo das águas, ondas que se levantam, palavras-arrebentação.
abreijos
Paulo
As vezes, parece-nos que jálemos tudo e aí verificamos que não.
Bela obra.
Rodrigo Passos
maravilhoso toda essa manifestação de arte!
Lindsae
A vida se reinventa nas madrugadas!
Que belo texto!
Rosane Marega
Perfect!!!
Beijosssssssss
Rosane Marega
Perfect!!!
Beijosssssssss
Suzana Martins
Queridos, muito obrigada pelo carinho de cada um de vocês….
Beijos e beijos…
Denison, você é um encantador de palavras!!!!
Beijos
Sandra Cajado
Uau…
Denison Mendes?
Grande poeta que torna nosso cotidiano com cores complexas expressadas no mais alto grau de intimidade do coração.
Papéis amassados com versos rasgados de quem não tem medo das palavras mas que tem pressa de viver.
Fã incondicional do denison.
Beijos Su.
ventosnoturnos
fui acompanhando cada cena e unindo todas num único monólogo de palavras que vieram da alma. lindo. parabéns. brisa
Clara
Caro Denison,
Parabéns pelos excelentes versos construídos em ritmo perfeito!
Você tem o dom!!
Beijos… e parabéns à Su pelo rol maravilhoso de poetas que têm passado por aqui!
Denison Mendes
obrigado por todas as manifestações de carinho e generosidade.
abreijos