By LandNick

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Hoje, o timão está sob comando do querido amigo LandNick.

Atendendo a um amável convite da amiga Suzana, aqui estou estreando no seu blog! E sem mais delongas vamos direto ao assunto!

Todos tem os seus poetas de cabeceira e eu também tenho os meus!

Nesta minha primeira colaboração, gostaria de prestar uma homenagem a um poeta paraense que me acompanha há muito tempo!! Trata-se de Antonio Tavernard!

Para se entender a poesia desse poeta  é preciso saber um pouco do contexto onde ela foi concebida!

image Nascido em 1908 Antonio Tavernard cresceu num ambiente literário, pois seu pai era um homem de letras e na sua casa se respirava literatura! Como todo rapaz de sua época, Tavernard tinha muitos amigos, muitas namoradas e vivia cercado dessas amizades/amores!

Em 1926, ingressou na Faculdade de Direito do Pará! E aí começa a trajédia de sua vida! Nem sequer pode concluir o primeiro ano, vitimado pela hansenìase, então uma doença sem cura! Com isso, os amigos e os amores se afastaram e ele ficou só, morando num barraco que seu pai construiu para ele no fundo do quintal da sua casa!

É nesse retiro, que ele começa então intensa atividade criativa! Escreveu Contos, crônicas, romances, peças de teatro e, sobretudo, poesia! E é nessa poesia que vemos o poeta destilar todo o seu amargor, sua desilusão com a vida! Mas fez isso com tal lirismo, que sua poesia sobreviveu à ele! Morreu em 02 de maio de 1936, aos 28 anos de idade!

A poesia que reproduzimos abaixo é dessa fase! Um pedido desesperado, que o poeta chamou carinhosamente de: ” PRECE DE NATAL”

PRECE DE NATAL

Olhe aqui, Jesus Menino:
Na folha do meu destino,
escreva a palavra “Paz”!
Venho de muito longe, de um passado
vivido em turbilhão…Estou cansado…
Não quero sofrer mais!
Não quero – não! Não posso! Minha vida
é como taça de cristal partida
em que beberam deuses e animais.
Fiz mal e bem com indiferença, à toa,
fatalismo que vinga e que perdoa,
muito do homem quando é feliz!
Depois, a dor… a dor que transfigura….
E o Senhor sabe – história de amargura –
como cumpri o que o destino quis!
Mas, agora, Jesus, Jesus Criança,
é tempo de chegar….A gente cansa,
para sempre, de vez, num certo dia
em que a penumbra da descrença fria
toma conta de nós. Ah! Nesse dia,
Jesus querido, meu Jesus Criança,
que morta linda a última esperança!…
Portanto, Jesus Menino,
na folha do meu destino,
escreva a palavra “Paz”!
Para que eu durma, então, serenamente,
com um sono de arcanjo adolescente,
e não sinta, e não sonhe,
…..e não desperte mais!!

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LandNick é Colecionador de Histórias em Quadrinhos, ilustrador, fotógrafo amador, um cara (quase sempre) bem humorado! Também é conhecido pelo codinome de Nirlando Lopes.

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