Letter #14
Rasuras em um dia de chuva…
Hoje no rádio tocou a nossa música; e por um instante mergulhei em todas as nossas lembranças atemporais… Fiquei imóvel. Apenas a minha mente exercitava as memórias dos dias que, não sei por que, ficaram num pretérito cheio de pó. Queria sair dali e ir direto ao teu encontro só para dançar contigo, mas tudo estava parado, havia lentidão no meio do caos e a única coisa que bailava eram as gotas de chuva que caíam no meu para-brisa.
Aumentei o volume na certeza que tu, de algum lugar qualquer, escutarias aquela canção. Doce ilusão a minha! Pobre agudo que parecia mudo num silêncio profundo e ensurdecedor. Ecos no meio do vazio deste meu sentir. Fechei os olhos e te avistei em minhas memórias – era ali que tu moravas – tu estavas no chá que tomávamos todas as tardes em minha varanda, eu também te avistei caminhando no calçadão da praia lado a lado com o vento e, cheguei até sentir o teu perfume no momento em que partiu…
Ah, retratos de minha memória! Todos os nossos momentos são como fotografias reveladas na estante.
Não sei como foi o teu dia…
O meu foi desenhado dentro das minhas nostalgias. E cá estou olhando os meus baús de memórias abafadas de ti. Tomo um gole de chá e rasuro as nossas poesias dentro de uma missiva que não sei se chegará onde tu estás. Nem sei se moras ainda no mesmo endereço, se tu ainda escreves ou se lê todas as cartas de amor. Não sei mais nada de ti! Todo o meu saber é um punhado de suposições da história que um dia vivemos. Mesmo assim escrevo; talvez para aliviar a saudade ou apenas para desenhar memórias tuas em mim.
Eu sinto tua falta todos os dias. Sinto falta das coisas simples que fazíamos, como, as caminhadas à beira mar, andar de bicicleta pelo bairro, ou até mesmo, ler os nossos livros preferidos à sobra daquela nossa árvore centenária. Tenho saudades das nossas conversas banais por horas a fio, sinto falta de sentar na calçada só para ver o por do sol. A tua ausência provoca em mim calafrios! Uma lacuna irreparável. E, talvez seja por isso que as minhas letras ficaram tão escassas, vazias e sem rima. Às vezes arrisco escrever algumas filosofias de bolso, mas elas acabam ficando encostadas no fundo da gaveta.
Tu continuas a escrever? E os teus livros, ainda tem as páginas rasuradas com os teus poemas? Não sei como as letras estão desenhadas por ai, mas em minhas palavras há um punhado de saudade e outros vazios que precisam ser preenchidos por ti.
Escreva-me, mesmo que seja apenas um “oi” sem qualquer rima, mas escreva-me!
Um abraço cheio de lembranças das nossas histórias.
Alguém.
Mariana Gouveia
Que delicia de carta! Já deve ter percebido que também amo escrever cartas. Às vezes, sem destinatários certos, mas amo escrever.
Suzana Martins
Menina Mariana, que delícia você nesse cantinho aqui!! <3
Sim, escrever cartas é levar a alma para viajar e encontrar outros rumos, outros mundos, outros muros. É um reencontro de versos e sentimentos.
E acredito que as melhores missivas são aquelas sem destinatários certos... rs
Muitos beijos pra ti, menina Mariana!!! :*
Ps: vamos trocar cartas?
Cristian Steiner Molina
Suzana,querida, me caiu uma lágrima de saudades, de quando navegava por esses mares de poesia.
Essa carta também é pra todos aqueles que, como eu, escafederam-se.
Um beijo, querida!
Suzana Martins
Ah querido!! Que saudade de vc por aqui, é tão bom vê-lo regressar! <3
Obrigada pelas suas palavras e carinho.
Volte sempre!!
Beijo enorme! <3