Se o que há em mim não é saudade,
então, por favor, apague a luz
e deixe chover todas as lágrimas desse meu vazio.

Se o que há em mim não é tempestade,
jogue fora as minhas tristezas,
porque até o mais nobre sorriso desaba num temporal.

Se o que há em mim não são asas,
rasgue os meus papeis e jogue-os ao vento,
pois eles levantarão vôo sob os meus olhos.

Se o que há em mim não são letras,
me amasse e me jogue fora
me despedace, mas me mantenha no ar…

Se o que há em mim não são sentimentalidades,
me esqueça e apague o meu nome dos muros pichados por amor.
Se o que há em mim não é mar
sequem as ondas que quebram na praia.

Se o que há em mim não é outono,
então pode apagar as estações.

Sou leve, forte, ágil e frágil.
Caio, levanto, choro, sorrio.
Sou humana, sou criança,
sou asa, sou pássaro,
livre, ferido, perdido…
Sou mar… no ar!