Por Lunna Guedes e Suzana Martins


Trago em mim um punhado de saudades…

Vontade de compartilhar palavras com a menina que fica em seu sótão enquanto eu imagino galhos onde eu possa me sentar para espiar sua multidão silenciosa. O vento trás pra junto de meus olhos as letras que ela tece ao longe… Ouço o som do teclado inventando paisagens inteiras que eu colho no adiantado da hora.

Imagino as sombras de janela, onde cintilam estrelas que inventam segredos apenas para iludir seus olhos. Perco-me entre as nuvens que molham sua noite outonal com frias chuvas respigando saudades tardias de certas noites frias onde o risco da trama era encenado por mim.

Enquanto aqui, me perco do frio, das nuvens e vôo para longe, encontrando-me com o mar e sua ilusão de ondas. Percorro a orla, sentindo caminhos que desconheço. Amanheço com o úmido gosto do mar entre os lábios e preencho os espaços em branco com sorrisos. Tudo tão breve. A noite caí e me leva de volta para a cidade de concreto onde as nuvens se apressam pelas alamedas

Olhando para o céu, contando estelas, finjo estar na cidade de concreto brincado de outono frio, negro, tímido. Me embriago com a ausência de cores e movimentos. Tudo tão lento… Os prédios fingem serem estrelas e eu finjo invadir janelas…

Ilusões tardias que se misturam as minhas sentimentalidades que causa arrepio em minha derme. É saudade, essa palavra que vira verso no avesso da folha…

Trago um punhado de coisas em mim e espalho tudo sobre a mesa para contar a ela depois…