Contemplo mundos da minha janela,
projetando cores dentro e fora dela.
Observo a paisagem que lentamente
vai se formando através das transparências
dos vidros e crio ilusões que vão além das sombras.

É pela janela que imito viagens
num verso temporal que passa lá fora.
Por ali intercalo manhãs, tardes, noites
e tantas outras madrugadas
que desenham aviões chegando e partindo
num poemar sem fim.

Dos vitrais da minha janela
contemplo a leveza do sorrir
e o gargalhar sem medo
de um viver sem compromisso
onde até o vento ultrapassa
as cortinas sem fazer qualquer barulho.

Faço desenhos entre as molduras
da minha janela, brincando de aquarela.
Abraço as cortinas e sou uma gaivota;
sou a leveza dos olhos marejados
da saudade de voar.
Sou sombra numa janela
que abre para o horizonte,
sou apenas uma palavra que perfuma
o entender e o sentir do meu olhar.

Da janela transparente do meu interior
vejo o mar molhar os meus pés,
sem ao menos pisar na água;
e sinto a chuva acariciar o meu corpo
sem sequer andar pela estação.

Nesse universo de tantas janelas,
que parecem molduras em telas,
eu contemplo um oásis e absorvo os oceanos
deixando os meus olhos viajarem por ai
como gaivotas de uma alma que imita a liberdade
fotografando o destino com suas próprias mãos.

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