Beda – doses de delírio

A tarde reinventa nuances e cores abstratas a rasgar o horizonte, e enquanto isso, ouço refrões repetidos do Belchior. Queria perder-me nas letras das canções, mas os ponteiros apressados amontoam as horas sem pedir licença.

Busco refúgio no livro de poesias esquecido na estante. Leio um verso, mas a realidade insiste em chamar-me para finalizar projetos inacabados do ontem.

Abro o software de edição. Crio algumas formas. Pinto a tela. Invento uma imagem ou outra. Revejo tipografias e a vida segue no automático das coisas concretas. O que salva são as canções que tocam repetidas vezes.

Doses de intervalo entre o ponteiro apressado e os delírios que tocam em meus ouvidos.

Olho pela janela e contemplo o céu azul de agosto a desenhar detalhes de outono. Até o inverno tem sido diferente nesses tempos estranhos que se prologam por aqui.

O amargo tempo se propaga e insisto em letras confusas de ardente existir.

Expulso minha mente para longe e eu quero estar em qualquer lugar diferente deste teto. Imagino um céu de formas antigas e novas a se confundirem no infinito dos olhos meus…

Adeus dia!
A noite já reza seu canto-chão…

Suzana Martins

Agosto é um mês insonso e estou aprendendo a iluminá-lo com o Beda.

Participam junto comigo: Lunna GuedesMariana GouveiaObdulio Nunes OrtegaRoseli PedrosoDarlene Regina