Eu sou esse emaranhado de interrogações que nem eu mesma entendo.
Sou essa cara amarrada que desmancha em meio a um sorriso de uma criança.
Sou essa menina que anda mesmo tendo asas…
Sou essa areia, esse chão, esse mar.
Sou pés descalços que caminha sem ver o tempo passar.
Sou colina e outono, inverno e ondas.
Calmaria e tempestade. Sou primavera no calor do verão.
Posso também ser um all-star velho,
mas que ninguém tira do pé…
Sou essa mulher que sente amor, ódio e paixão,
tudo na mesma proporção…
Sou essa distância, essa saudade,
essa ausência, essa inconstância.
Não sou o que pintam.
Meu espelho reflete outras imagens.
Sou a poesia rasgada e jogada ao vento.
Sou nada e tudo ao mesmo tempo.
Sou incógnita que palavras não descrevem.
Sou assim, apenas com um pouco de mim…


“Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meio bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante, que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?”

Tati Bernardi