“Saudade fez um samba em seu lugar…”


Diga-se de passagem: o tempo passou e deixou o poema redundante abandonado no meio caminho. Passaram-se as horas, as histórias e principalmente, algumas vontades submersas no existir de um abismo sem fim. Diga-se de passagem: passam-se as horas e as histórias ficam presas nas lágrimas de um caderno amassado trazendo lembranças de um sonho bom que parece chegar ao fim. De passagem, o tempo se esvai em meio a um deserto de emoções, e assim, vai se escondendo entre as linhas de um trilho que não volta jamais…

Redundantes palavras guardadas nas entrelinhas do sentir…

O tempo passou, estou de volta. Adapto-me, novamente, as histórias contadas à beira do cais, adapto-me aos vícios de um poema nostálgico recitados ao som de Cássia Eller, e me redescubro nas letras que foram escritas vendo um programa antigo na TV. Adapto-me a saudade do samba que dançamos ontem no Radiola, adapto-me inclusive no seu olhar de vontades proibidas… Sinto-me envolvida até a alma nas confusões sentimentais provocadas pelo tempo, ou pela escassez dele em nós… Entrelaço-me nos excessos que se misturam em nós.

Passa-se o tempo e até as letras ficam desacostumadas com as rasuras daquele livro de páginas amarelecidas… As letras, aos poucos, vão sendo acordadas pelo sussurro dos pingos que caíram nos is. Reinvento letras dentro de mim, e algumas delas serão escritas com as pontas das lágrimas de um coração que sangra em silêncio.

Passe-se o tempo e eu reinvento memórias redundantes dentro de mim, mas bom mesmo é ser personagem dos livros de Fernando Sabino…