Enrolo em laços e fitas a linha do tempo presente

Não olho para trás
largo a porta aberta
esqueço das horas
rasgadas em mim.
Subtraio os segundos
e deixo
os acúmulos inocentes
do tempo a enfeitar
as arestas.

O ponteiro veloz
sem intervalos
pausas
laços soltos
a viajar
num relógio vazio
sem data para voltar.

Estranho tempo
esse ponteiro enfeitado
precipitado
distante
pretérito-mais-que-perfeito
a sobrepor linhas paralelas
de uma estação esquecida.

Não olho pra trás
deixo o mundo aberto
a escorrer saudades
do fim.

O tempo em verso,
ao avesso,
palavra,
laço,
fita
poesia
de ponteiros apressados
a rascunhar o verbo
nas linhas do existir.

Suzana Martins

Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Título do post: Nirlei Maria Oliveira (palavr(Ar)
Participam juntos comigo: Lunna GuedesObdúlio Nunes OrtegaRoseli Pedroso e Mariana Gouveia