saudade a pulsar além da letra

Bença vó…

Vó,

Tenho sentido a tua presença muito forte nesses últimos dias. É como se a senhora estivesse aqui… neste plano. Não sei se é coisa da saudade a rasgar a pele em lembranças e memórias ou se estás por aqui a povoar minhas nostalgias invisíveis. Cheguei até a sentir o teu perfume suave a invadir a casa. Escorreu uma lágrima salgada dos olhos embaçados e fiquei aqui a te procurar pelos cantos na esperança encontra-la em algum lugar perto de mim.

Não te vi…

Fiquei apenas com a lembrança do teu perfume e o carinho da tua voz a me abençoar.

Sinto tanta saudade tua que o coração esmagado no peito parece procurar forças para pulsar. Fico sem ar. A saudade comprime as minhas letras mais intimistas, e não consigo organizar ideias e palavras para poder te entregar.

Tenho apenas memórias nossas…

Seus abraços apertados – sempre esmagados – quando nos encontrávamos. Seus olhos “cor de cevada rala” sempre a sorrir das coisas simples. Suas visitas de domingo. Lembro de esperar ansiosa pelo som da campainha. Eu descia as escadas correndo, atravessa o jardim ofegante, abria o portão e pulava nos seus braços aconchegantes. A senhora abria um sorriso lindo e eu falava: “bença vó” e você beijava e respondia: “Deus te abençoe, minha filha.”

Tantas recordações, vó… Singelos momentos a pulsar minhas lembranças agudas.

As tardes de sábado na sua casa. Nossas idas a praia. Os passeios na praça. O café no meio da tarde “atrapalhando” as brincadeiras. Nossas danças no meio da sala… Um punhado de memórias a embalar as alegrias.

Que saudade, vó! Obrigada por ser abrigo!

Beça vó!

Sua menina,

Gu

Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Participam juntos comigo: Lunna GuedesObdúlio Nunes OrtegaRoseli Pedroso e Mariana Gouveia