Beda – Blog Every Day April

Há uma gota de sangue em cada poema*

Rasguei a pele
cortei os pulsos
deixei sangrar pelos poros
a tua ausência sufocante.

As minhas cicatrizes
coaguladas de saudade
resgatam memórias
perdidas no abismo de ti.

A ferida exposta
a voz presa no peito
o coração a pulsar
no chão das minhas ilusões.

Rasguei o poema
joguei fora a tua poesia
deixei as minhas vísceras
espalhadas no teu papel.

Entre a tua letra
e o meu sangue
palavras esparramadas
no leito da tua dor.

Rasguei o verbo
cortei a carne
sangrei
perdi a voz
morri lentamente
no abismo do
teu poema sem fim.

Suzana Martins

*Inspiração para o poema: Há uma gota de sangue em cada poema – título do livro de Mário de Andrade


Abril é o mês do BEDA e eu terei companhia nessa aventura diária:
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