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Pudesse eu inventar palavras,
inventar poemas.
Palavras doces, poemas puros
sem intenção alguma.

Não tenho palavras inventadas,
tenho apenas a letra da canção
que toca no rádio, sem pureza
cheia de desejo e pretensão.

Pudesse eu inventar versos
que coubessem dentro do livro.
Páginas inteiras de contos
que contam o maior dos prazeres.

Não tenho letras cantadas,
tenho apenas um pouco de tudo
e cada coisa ao mesmo tempo.

Escrevo no prazer das linhas assexuadas.

Pudesse eu inventar, mas não invento,
apenas sinto o desejo dos versos
em seu maior prazer de encaixar palavras
sexuadas morrendo nas páginas dos cadernos.

Pudesse eu inventar poemas puros,
mas todos os poemas de amor são impuros.
Por isso não invento, apenas sinto
o calor das mãos a escorrer
pelo corpo do papel
na ânsia de encontrar palavras
cheias de vontades…

(Suzana Martins – maio/2011)