BEDA – resquícios de silêncio

As sombras contornam silhuetas pela cidade. Há beleza na imensidão escura. Desenhos litorâneos com pequenos traços urbanos a fundir luzes, chuva fina e a maresia que brilha entre os faróis dos carros a atravessar a beira-mar.

A cidade está cheia. uma euforia emerge por todos os lados, mas eu não quero essa agitação. Fico aqui no meu canto. Acomodo em meu lugar abstrato e no silêncio da minha voz. Deixo as minhas asas guardadas e esqueço, por alguns instantes, o mundo lá fora.

Quero apenas a voz das letras e o barulho do grafite ao cair no papel. Escrevo cartas que nunca serão lidas. Faço anotações em diários que ficarão esquecidos. Enquanto o mundo se agita do lado de lá, as palavras saltam dos meus dedos, percorrem cada molécula da minha existência e escrevem resquícios do meu silêncio entre as minhas reticências agudas.

Uma música no player. Uma xícara de chá para acompanhar os meus devaneios. Cenário lúdico. Deserto só meu. Quietude. Recanto.

Fico aqui alojada no silêncio da noite enquanto a chuva escorre pela minha janela…

Dezembro/2010
Diário das Estações


Agosto é o mês do B.e.d.a e, desafiando a lógica do mês, eu embarquei nesta aventura.
Estão comigo Lunna Guedes Mariana GouveiaObdúlio Nuñes Ortega Roseli Pedroso