BEDA – falta, a melancolia a atingir a alma

Eu sinto saudades miúdas, grandes e milhares de faltas absurdas. Há em meu ser ausência de todos os tipos alegres, tristes, nostálgicas, vazias, completas e tantas outras acumuladas em eteceteras sentimentais.

Trago em mim saudades que caminham na ponta dos pés e outras que pisam forte trazendo todos os barulhos possíveis para a alma. Cubro-me daquelas carências arrumadinhas, impecáveis e que, ao caminhar, doem na ponta dos saltos. Possuo acúmulos de saudades leves, macias, feito nuvens de papel e outras que parecem vestidos tingidos de verão.

Tenho dentro do peito aquela saudade tempestiva, faminta que absorve e destrói tudo que encontra pela frente.

Lembranças azuis tal qual o mar ao amanhecer, ou feito aqueles dias alaranjados que imitam um outono solitário. Aqui dentro do peito também acumulam saudades de mim e de todos os meus eus, grandes, pequenos, adolescentes, chatos, sorridentes, metidos… Nostalgia apertada daquelas que provocam a falta de ar.

Imito, às vezes, a ausência de tempos, mas não àqueles contados em relógios fatoriais; e sim tempos pretéritos não vividos, apenas apreciados pelos olhos numa viagem cronológica do ser… Isso se chama saudade aguda de um passado preexistido. Eu dou nome às coisas que crio isso é um fato, pois assim posso anotar, na ponta de qualquer papel que respira ventania, os nomes das minhas saudades.

Eu tenho essas manias melancólicas que se repetem a cada pôr-do-sol e não quero perdê-las.

Enfim, continuarei aqui sentada nesse velho banco, escrevendo sobre saudade e todas as sensações que pulsam em minhas artérias nostálgicas. Talvez esse sentir seja culpa do vento que muda e carrega consigo algumas sentimentalidades que acabei de rasurar com as lágrimas daquela lembrança agridoce a qual não descobri de que é feita.

diário das estações
agosto de 2011

Agosto é o mês do B.e.d.a e, desafiando a lógica do mês, eu embarquei nesta aventura.
Estão comigo Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Roseli Pedroso – Obdúlio Nuñes Ortega