Victória sabia que aquele inverno estava atípico, não havia nada normal, mas, contudo, ao rever algumas fotos do verão, ela não pode evitar a nostalgia. Nostalgia do calor, do sol que lhe acariciava a pele, do mar, nostalgia dos dias longos, do tempo livre andando por uma praia que tinha o perfume para salgar. Nostalgia de banhar-se a qualquer hora, porque nunca está frio, e de poder deixar-se balançar pelas ondas sem pensar em nada mais… E ela voltou ao seu passado, teve um encontro com o velho, com as palavras sem sentido, com a saudade que embora adormecida, ainda batia viva em seu peito, aquela música, aquele cheiro, aquelas cores… Tudo era nostálgico, tudo a transformava. Não sabia se sorria ou se enxugava aquela lágrima que estava prestes a cair. Por um momento não entendeu a sua reação, os seus desejos, as suas vontades e ansiedades. Tudo que havia acontecido há alguns anos atrás estavam registrados em anotações que Victória pensou que nem existissem mais. As suas composições, as suas palavras, as velhas fotografias, as suas descobertas, suas vontades, seus anseios, tudo aquilo era passado, era nostálgico e num abrir e fechar de olhos viu tudo voltar em pequenas recordações, e tudo isso porque encontrara um rabisco que dizia:

– Nostalgia, perder-me-ia…!