ainda há silêncio nessas horas pequenas

Não há pressa na contemplação dos espaços. Na calmaria do ar, ouço ecoar o silêncio que escorre na metade de cá do universo. Um céu negro. Traços de planetas a cintilar pela via láctea. Sombras a bordar a paisagem. E pequenas gotas de tempo a ultrapassar a órbita das coisas.

Não há lua. Só estrelas a enfeitar o céu de horas noturnas.

Até a brisa sussurra baixinho entre as folhas para não espantar as pequenas gotas de silêncio.

Esqueço-me das horas ao mergulhar em solombras fotografadas pelo meu olhar. O tempo cochicha suas vantagens desertas e atravessa o sentir que pulsa em minh’alma. A imensidão avassaladora, silenciada pelas minhas palavras, reverbera no caderno vazio que deixei aberto em algum lugar esquecido por mim.

Perco-me na letra ambígua. Encontro-me na metagaláxia que explode no céu.

O silêncio rasga a metade das horas esquecidas no lado de cá do universo. Contemplo o infinito e todas as erupções. Transbordo-me na rotação do ser. Perco-me na transição dos planetas. Encontro-me entre o devaneio agudo do sentir e os limites que ecoam além do verbo elaborado.

Suzana Martins

Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Título do post: Nirlei Maria Oliveira palavr(Ar)
Participam juntos comigo: Lunna GuedesObdúlio Nunes Ortega – Roseli Pedroso e Mariana Gouveia