Falhas na comunicação só acontecem com quem se comunica. Soluções surgem apenas quando os problemas se instauram. Remédios só funcionam quando existem doenças. O bonito só é bem visto depoisa da contemplação do feio. Assim como, o pequeno só é importante para que possa saber de fato que é grande.

Interessante que os opostos se coloquem como necessários para o entendimento de qualquer situação, e é em função do diferente que melhor entendemos o semelhante. Desta forma, neste jogo de opostos estruturamos os conceitos dentro de nós e compreendemos melhor a vida.

Mesmo não sendo diretamente o oposto do amor, a dor pode ser entendida como algo (pelo menos) parecido com este antônimo. Não é por acaso que talvez pronunciemos tanto que o amor rima com dor.

Uma vez que no contexto do aparecimento da dor é que aprendemos sobre o amor. Deve ser por isso, que algumas vezes, só damos valor a alguma coisa quando a perdemos.

A vivência do amor influencia diretamente na experiência da dor.

Independente do tipo de dor ou se sua origem, é buscando o oposto que se pode atravessá-la. Médicos sabem que para a cura de qualquer dor, o amor por si e pela vida, é um elemento fundamental para o tratamento.

Mas se só o amor cura, o que acontece quando o amor é a causa da dor?

Se ao trazermos imagens e representações que nos lembrem o amor como meio de aliviar o processo doloroso, o que acontece quando a imagem que nos alivia é que causa a dor?

Decididamente a dor é elevada a algum expoente altíssimo, logo, senti-la será uma experiência que ficará na memória para sempre, mesmo que esse amor não fique. Assim, parece que a dor, se não resolvida com o perdão, pode ser a única a restar na memória.

Não dá para responder sobre como passar por este processo específico. Mas se não houver a busca pela superação da dor por meio do perdão e do amor, estes opostos poder se deslocar sobrando apenas à dor, e não o amor.