Beda – aqui parada

O tempo não passa de uma miragem
cravada nessa avenida estagnada
cheia de impasse do passo que não anda.

Sob o comando do farol amarelo,
freio. Paro. Coloco o pé no chão.
Reparo o passar do tempo
e o correr dos carros desenfreados
e das motos com suas buzinas estridentes
resvalando, em sinal de protesto,
a minha parada no sinal amarelo.

O sol arde na pele,
o vento exalta o barulho das ruas
e as memórias pretéritas
gritam na mente inquieta
enquanto os veículos correm
e as pessoas param.

Em poucos minutos
o semáforo fecha
fica vermelho.
O vento para,
as pessoas passam,
os carros param,
as motos se aquietam
e o tempo apressado ensaia
todos os meus atrasados
no delírio das minhas emoções.

Encontro-me parada,
escoltada em pensamentos antigos
que desmoronam com o passar do vento
tal qual castelos de areia,
daquela praia que um dia pisei
ou dos abraços apertados
nos braços que pousei.
Parada ali, relembro rimas antigas
de um poema velho jogado
nas páginas de um diário qualquer.

A moto ao lado buzina.
O sinal abriu. Ficou verde.
Preciso sair antes dos automóveis.
Sobre duas rodas
o tempo exige pressa.
Passagem.
Corrida.
Dou partida.
Sigo em frente.
Deixo para trás
a soltura dos pensamentos
presos em tempos pretéritos.

Suzana Martins


Abril é o mês do BEDA e eu terei companhia nessa aventura diária:
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