As Confusões Solitárias de Victória

Aquela música repetiu várias vezes… E enquanto Victória ouvia aquela repetição, a única coisa que conseguia fazer era acender um cigarro. Não tinha forças para nada, nem para entender as suas dúvidas e confusões. Ela queria apenas ter conhecimento do que estava acontecendo com o seu eu naqueles últimos dias. Era uma espécie de sei lá o que, que incomodava não sabe onde…

Tudo aquilo acumulava em seus pensamentos, e eis que de repente todas as interrogações do mundo lhe cercaram de uma maneira assustadora. As suas dúvidas e saudades vieram como uma avalanche, derrubando e confundindo tudo, deixando Victória completamente sozinha em meio à multidão. E mais uma vez ela se encontrou naquela metamorfose que insistia em persegui-la.

Uma nostalgia, uma curiosidade para entender o porquê das coisas… Sentiu vontade de ficar sozinha, mesmo estando só e vazia, mas era uma vontade diferente, era um desejo de ausentar-se de si mesma…E deixou envolver-se por aquela canção que insistia em repetir, que se transformou em trilha sonora do seu momento. Por um minuto esqueceu o cigarro e envolveu em suas lembranças, em seu passado, em suas vontades, em tudo que a prendia ali… Era o passado que estava novamente batendo a sua porta. Então, se deixou levar pelos embalos da música e mergulhou em seus pensamentos e dúvidas.

E tudo que Victória queria, era apenas um beijo para poder sentir o gosto, as sensações e emoções daquele amor que era completamente um sonho. E era esse amor que deixava Victória completamente confusa, pois não tinha certeza se aquele sentimento era fraternal ou carnal, cheios de lascívia e pura paixão…

Quando se encontravam era um desconserto total, as mãos suavam, os sorrisos eram tímidos e embalados de um nervosismo visível. Tinham vontade de falar de sentimentos, mas parece que tudo se ofuscava, as vozes sumiam e ficavam trocando apenas sorrisos e vontades implícitas de ardente paixão. Aquelas expressões se transformavam em uma platonice aguda que na cabeça de Victória era mais que real, nada de platônico. Ela apenas idealizava e sonhava com as suas vontades e desejos tão diversos que apareciam. Sentia-se ofuscada pelo brilho dos seus sonhos e de tantas imagens que pareciam apelos…

Victória tinha a impressão que todas aquelas palavras e fotografias espalhadas, por todos os lugares, foram colocadas ali para ela entender que não estava sozinha e que as suas vontades não eram platônicas. Por isso tantas dúvidas, tantas confusões, tantas metáforas que se misturavam nas suas mutações quase que constante. Difícil de entender, de explicar e principalmente de sentir.

Era carência pura! Era vontade de continuar sozinha e tomar um ‘porre’ ouvindo aquela melodia que escolhera para enxugar suas lágrimas. Dúvidas, apenas dúvidas. Confusões, somente metáforas… Então mergulhou mais uma vez em pensamentos, agora seguindo a música e viajando em suas confusões e platonices. Platônico ou não, era aquele sentimento que a mantinha viva, fazendo com que Victória sentisse todas as emoções possíveis.