O mar nunca estivera tão perto de todos os seus sentimentos. A maré cheia, daquela noite tempestuosa encantava um velho pescador. Alguém que estava sempre em contato com as belezas naturais e com os encantos do mar.

Ele não estava sobre as águas, estava apenas à beira do cais contemplando o céu e o mar se envolverem no horizonte escuro. O vento acariciava a sua face e levava seus pensamentos para outros mundos, para longe dali e para longe de si.

A chuva fina coloria a tempestade e pintava todos os elementos da natureza com cores belas que pareciam desenhos em giz de cera. Formas em alto relevo que transformava pingos de chuva em cristais e mar em espelho que refletia o céu em suas ondas. As árvores que estavam por ali dançavam com vento e o seu balanço pareciam melodias cantadas por crianças com os seus doces sorrisos.

Pescador não cansava de contemplar a tempestade. O mar parecia tão perto e era como flutuar pelas ondas sentindo o céu mais perto. Era a liberdade de pensamentos e a vontade de voar sentindo apenas o toque da chuva e do vento.

Ele sentia-se ligeiramente atraído pelas noites tempestuosas, pois a sua imaginação viajava por lugares esquecidos e navegava por águas onde os barcos eram de papel e os sonhos eram feitos de flocos de nuvens… Pescador estava envolvido em seus pensamentos infantis e nas histórias que ele mesmo inventava e que o tempo jamais apagara.

As tempestades que aconteciam fora do seu mundo eram as mesmas que acalmavam a saudade que invadia seu coração. Barquinhos de papel jogados ao mar em noites de chuva seguiam sua rota e chegavam intactos ao seu destino. Pescador acreditava no poder de seus sonhos, mesmo quando eles enfrentavam tempestades.

*Algumas histórias se confudem na ausência das palavras. Histórias escritas em imagens e em barquinhos de papel que ficam perdidos na imensidão do tempestuoso mar… Maré cheia!!