blogvember – das coisas suas que habitam aqui

Minha missão era esvaziar a casa – de suas coisas, de você! *

Minha menina Mariana,

Há vestígios teus por todos os lugares que ando. Sinto-me inteiramente feliz por encontrar um pouco te ti em cada passo meu. As tuas marcas espalham-se pela casa e atravessam o meu quintal enfeitando todas as ruas do bairro-casa. Nuances poéticas a perambular pelas tuas letras entalhadas nos livros de poesia que escreveu. Observo-te no botão que desabrocha no inverno e nas nuvens que preenchem o céu azul quando estou a completar o universo.

A tua poesia me transforma e acaricia o meu sorriso. Ter você aqui, mesmo que em letras tão bem desenhadas, é um deleite para os meus dias sem graça. Você para mim é tipo a música do Chico César “é só pensar em você que muda o dia.”

Eu não posso esvaziar o meu peito-casa-coração de ti…

Sabe Mari, gosto de observar os detalhes que atravessam o meu caminho. Seja na folha que cai sem aviso prévio, na trilha que as formigas fazem na calçada, no entardecer ou na bromélia que grita no tronco de uma árvore. E, em meio a todas essas nuances, eu penso em ti.

Aqui, longe do litoral, aprendi a contemplar outros horizontes.

Você sabia que por aqui as nuvens escuras, diferente dos lugares que conheço, anunciam que teremos um dia-tarde-noite fria? Sim, aqui o cinza chumbo das nuvens é sinal de frio e não de chuva. Pode parecer bobeira, mas achei o máximo quando descobri isso!

Quando contemplo a natureza das coisas sei que tenho muito de ti em cada detalhe. Minha missão é te encontrar em cada canto desse universo. Rendo-me a poesia das tuas palavras e preencho os espaços vazios com a tua poesia.

Você é esse universo inteiro que carrego no meu peito.

Um beijo,

Su


Subtítulo: Mariana Gouveia
Fotografia: Suzana Martins

Este conteúdo é uma contribuição para o projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Participam comigo: Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdúlio Nuñes Ortega – Roseli Pedroso