blogvember: espetáculo confuso

embolei as ideias fiz um nó depois desatei*

As luzes se apagaram. Fiquei aguardando o início do espetáculo. Naquele momento a minha imaginação começou a flutuar e procurar pessoas que dariam vida às grandes histórias que eram contadas, lidas e escritas. Apareciam reis, rainhas, homens, mulheres, crianças. Era o cenário mais bonito que eu já vira.

Mas por alguns instantes, tudo ficou perdido. Uma confusão a rodear o palco e todas as histórias. Aquelas personagens não conseguiam se entender, todas falavam ao mesmo tempo. Era como se não estivem estudado o roteiro. E em meio aquele caos, as frases gritavam tentando montar os seus diálogos, mas parecia cada vez mais difícil e incontrolável. A cena seria perfeita se não fosse toda essa balbúrdia, esse tal mistério desorganizado.

E quando percebi, eu estava ali, naquele palco, mas não havia plateia nem protagonistas. Não havia mais ninguém. Eu estava só! Fechava os olhos na esperança de encontrar uma porta aberta que me levasse para outro cenário, mas o silêncio escandaloso me prendia naquele lugar e me deixava cada vez mais atada, presa em minhas solitárias confusões.

Então, desisti de entender tudo aquilo. Fugi de mim. Desci as escadas com aquela cara de assustada e um figurino incompleto. Abandonei as minhas fantasias e ilusões. Fechei a porta do meu mundo e deixei embalar pela canção dos meus momentos. A inquietação estava nas minhas palavras sem saber o que escrever.

Tinha as ideias, mas não conseguia uni-las.

Estou perdida no emaranhado das minhas letras e no atravessar do verbo que habita a página.


Subtítulo da publicação: Nirlei Oliveira
Imagem: Adobe Stock

Este conteúdo é uma contribuição para o projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Participam comigo: Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdúlio Nuñes Ortega