Blogvember – quem foi que botou a chuva dentro dos meus olhos?

Seremos deuses de cada dobra escura*

Não mexa com as minhas lágrimas, deixe-as tranquilas guardadas em olhos que investigam momentos. Brinque apenas com as suas dores que são vazias e pontiagudas. Não deixe seu sentimento incompleto próximo ao meu coração, pois a carência dos meus braços desperta os desejos ocultos de minh’alma.

Não atropele as vozes abafadas que apenas balbuciam as histórias antigas de amores que se perderam em esquinas. Não despedace mais uma vez todos os sentimentos que lhe fora ofertado. Um amor envolto em laços de fita, bordado à mão, as mesmas mãos que te acariciavam nas noites frias.

As mãos que te amavam…

Não brinde as suas alegrias com as minhas tristezas. Não quebre a taça que tantas vezes bebemos paixão, saboreando desejos. Não despeje as minhas vontades em meio ao nada só para aliviar a sua solidão.

Apenas saia, sem fazer barulhos, sem fazer alarder, sem provocar mais estragos. Não deixe lembranças suas, nem as fotografias dos seus lábios sorridentes.

As suas pegadas pelo jardim ainda ecoam no interior, nos limites de minha dor. Não mexa com minhas lágrimas, não enxugue os meus sorrisos, não aqueça meus braços. Mesmo que a sua imagem seja pintura fresca, não provoque mais estragos nas dores que ficaram perdidas no meio do caminho.


Título: Trecho da Música “Manhã Azul”,  Mariana Aydar
Subtítulo do post: Obdúlio Nuñes Ortega
Imagem: adobe stock
Este conteúdo é uma contribuição para o Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Participam comigo: Lunna GuedesMariana Gouveia Obdúlio Nuñes Ortega – Roseli Pedroso