Nada.
Vazio.Um grande buraco negro se abate sobre minha alma e sobre minha vida, e destrói lentamente toda uma perspectiva de um processo produtivo esplendoroso. Queria eu muito, neste instante, poder escrever palavras sábias e belas, mas um imenso abismo se abriu entre minha sempre fértil mente e meus dedos que agora digitam palavras desconexas.

O silêncio que sempre me faz tão bem, agora me incomoda de forma gutural, gritando palavras de ordem como “Acorde!”, “Levante!”, “A vida está aí!”. Mas nada disso me abala em nada, nada disso me faz ter vontade de levantar e fazer acontecer diferente.

Diante de meu deprimente estado e do incômodo que me causa a ausência de som, como se todo o mundo estivesse ocupado demais em ignorar minha existência, tento veementemente salvar-me desta onda gelada e sufocante que de alguma forma pretende levar consigo meu último estado de consciência.

Já não me entendo, já não me compreendo, então como poderiam os ditos normais entender meu mais são estado de loucura?! Quase posso ter certeza, porque a certeza absoluta de nada nunca teremos, de que a sanidade se esvai de mim a cada segundo. Entretanto, nunca talvez tenha estado eu, mais lúcida e ciente de quem sou, embora ainda pairem dúvidas quanto ao “de onde vim” e “para onde vou”. Sabe-lá, se toda essa ciência e o então conhecimento de toda minha profundidade não teria desencadeado em mim o que alguns chamariam de patológico.

Talvez sim, talvez não… A única certeza que tenho é que hoje, definitivamente, não me sinto bem, tampouco inspirada para inspirar sonhos ou devaneios em quem agora lê estas linhas mal elaboradas. O tempo se arrasta e algo me sussurra que seguirei por muitas horas mais escutando a música silenciosa da minha própria alma e lançando perguntas ao cosmo, mesmo sabendo que as mais preciosas respostas habitam em mim, esperando apenas que eu as descubra como um tesouro valioso no mais fundo da mais escura caverna.

[06.07.2006]