By Lorena Ferrari
E no comando dessa tripulação, minha amiga e vizinha de férias: Lolli.
O Poder da Palavra
Há mais de um mês a Su entrou em contato comigo, me pedindo para escrever um texto para o blog, e eu confesso que me pegou de surpresa. Fiquei lisonjeada, aceitei na hora (não costumo fugir da raia), mas admito que desde então a pulguinha da expectativa se instalou atrás da minha orelha. Será que eu consigo? Porque há um ano eu não paro pra escrever algo que não seja assunto acadêmico. Nadinha mesmo. Há um ano não coloco meus pensamentos em palavras escritas, nem para o público e também nem para mim mesma… E durante esse um ano por muitas vezes eu quis escrever, cheguei a sentar aqui na frente do computador, abrir um arquivo de texto e encarar a folha em branco… por minutos sem conseguir digitar nada. Bloqueio de escritor? É, talvez.
Mas acho que também cheguei à uma encruzilhada da qual eu não conseguia sair; cheguei àquele ponto em que o escrever se tornou algo tão pessoal que doía colocar pra fora, mas ao mesmo tempo dava a euforia de quem faz algo grandioso, que é dar à luz os próprios sentimentos. E essa sensação é maravilhosa, mas também assustadora, principalmente quando existe alguém que nos lê. É como aquele sonho em que você, de repente, percebe que está nu no meio da rua, só que pior porque não é seu corpo que se desnuda, é muito mais, é a sua parte mais real, é o que você sente, é quem você é. Enfim, por tudo isso não foi fácil parar de escrever mas percebi que é ainda mais difícil voltar. Tanto que há semanas penso em que texto mandar para o bloguinho querido da Su e o único tema que me vem à cabeça é o próprio ato de escrever.
Eu já escrevi, mais de uma vez inclusive, sobre o quanto a palavra é poderosa. Mesmo a palavra pensada é agente de mudança, não é verdade que às vezes evitamos até pensar em determinada palavra, por que não queremos que ela se torne realidade, a nossa verdade? Não acontece de toparmos o dedo mindinho na quina da mesa de centro de uma sala de espera lotada de gente e, para não ser indelicado, soltamos um palavrão interno, e mesmo internalizado ele nos alivia? Ou declaramos amor, ou ódio que seja, em pensamento e mesmo assim eles fazem o nosso sangue correr mais rápido nas veias? Não precisamos nem falar para a palavra agir, mas falar ajuda a tornar tudo ainda mais real. Admira-me muito quem tem o dom de falar, mas eu não acho que seja o meu caso.
Não, eu gosto da palavra escrita. Gosto das letras. Sempre fui uma leitora voraz, até um dia experimentar o outro lado e perceber que ainda mais mágico do que ler era escrever. É uma liberdade esquisita, uma coisa muito doida mesmo, você transformar aquilo que você pensa e sente, em letras no papel (ou na tela do computador), e depois vem alguém e lê. E o que antes tinha impacto apenas em você começa a impactar outras pessoas. Uma cascata. Quem escreve passa pelo processo de encarar, agora de forma literal, o que antes só existia no mundo interior. Mas se você tem a coragem de expor o que escreve, algo ainda maior acontece: suas palavras ganham vida própria na vida de cada um que entra em contato com elas. E é aqui que as coisas ficam complicadas, porque a partir do momento que suas palavras modificam a vida de outras pessoas você se torna parcialmente responsável por essa mudança. Você é o agente de mudança na vida de alguém que, talvez, você nem conheça. Tudo porque resolveu compartilhar seus pensamentos.
Ter um blog, um livro, escrever para ser lido, pode ser uma experiência muito boa ou muito ruim, dependendo do que se escreve, para quem se escreve e quem realmente lê. Mas quero acreditar que, na maioria das vezes, ela é muito boa. Assustadoramente boa. Escrever não só te transporta para um mundo diferente que só existe dentro de você, mas também transporta todo mundo que te lê junto com você. Viajar nos nossos próprios pensamentos, sentimentos e desejo por si só é uma experiência, por falta de adjetivo melhor para descrevê-la, única. Trazer os amigos leitores como companhia faz a viagem ainda mais fantástica e cheia de descobertas. Nem sempre fácil, nem sempre agradável, mas definitivamente incrível.
“Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador.” (Clarice Lispector)
Lorena é bióloga, escritora de assuntos acadêmicos, contista, cronista, conotativa e dona do blog Strange Little Girl que encontra-se guardado em alguma gaveta dos nossos corações. Mineira, capixaba, baiana, isso depende muito da hora e do lugar. No seu dia-a-dia vive como mineira, e em férias aventura-se pelas baianidades e pelos sorrisos capixabas. Tem se aventurado mais pelo twitter, mas às vezes escreve algumas conotações quando os convites aparecem via email, rs.
Suzana Martins
Querida Lolli, tu não sabes a alegria que eu sentir quando tu aceitastes o meu convite.
Eu sabia que tu conseguirias escrever. Talvez a agonia tenha sido mesmo o bloqueio de escritor, mas afirmo que as suas palavras são maravilhosas. As suas conotações, o seu ler, o seu escrever é muito bom!
A cada dia que passa eu aprendo com as palavras, aquelas que eu leio, que tento escrever e aquelas ficam dentro de mim. Palavras tem poder sim! E como vc mesma disse até aqueles "palavrões" gritados em silêncio aliviam as tensões, rs…
Lolli, parabéns pelo texto maravilhoso, obrigada meeesmo… É um prazer tê-la aqui… Tenho por ti um carinho muito especial por ti, querida!!^^
Beijão e fique a vontade, o blog é nosso!!^^
Adoro vc!!^^
Lunna Guedes
Engraçado ler suas palavras, me fez viajar no tempo e espaço (coisas do outono/inverno). Houve um tempo que pra mim escrever era uma doença e eu queria uma cura possível. Não queria ser tão diferente dos outros, queria ser igual em alguma coisa. Não queria criar personagens e conversar sozinha (para os outros) e com meio mundo para mim. Não queria "vazar", sair de mim através das palavras.
Então um dia acordei e percebi que ser igual em alguma coisa era muito monótono. Percebi que a palavra era meu desassossego e por ser assim, eu só podia ser o que eu era: uma multidão num unico ser e descobri Alvaro de Campos e Fernando Pessoa que eram o mesmo e ainda assim eram outros.
Adorei seu texto, meu abraço nessa madrugada recém iniciada.
Sandra Cajado
Minha querida,que texto intenso e verdadeiro.
As palavras fogem,mas a poesia da vida estão guardada aqui dentro bem escondida sabe.
Entâo quando pensamos que não podemos,eis que surge a mais bela criação mistura com nossos sentimentos.
Parabéns linda,amei seu texto!
Sempre trazemos um pouco do mundo de lá pra cá,e daqui pra lá…
Luana
Loren, queridona! \o
Faço questão de comentar um texto dessa guria que nos faz tanta falta na blogosfera.
Eu tenho a mesma sensação de me despir ao escrever. É revelar o teu íntimo, é projetar-te naquilo que seriam meras letras. É desconfinar pensamentos, é denunciar jeitos e formas, e tornar muitos outros cúmplices de um crime ora meticulosamente planejado, ora relaxadamente arriscado.
Por isso, para além do profissionalizar-se pretenciosamente na escrita, gosto dos que o fazem com gosto. Daqueles que não se obrigam, mas daqueles que geram.
E, só por isso, acredito que, quando retornares, Loren, será devidamente bom para ti e para nós.
Bjos, marinheiras das letras Su e Lo!
Vinícius Aguiar
Eu penso que a dificuldade em colocar pensamentos pra fora está no fato de que muitas vezes nos sentimos nus diante daquilo! Escrever remete a uma abertura da alma, e quando tornamos nossas palavras públicas, essa alma está propensa a ser julgada por qualquer um que as lê. Escrever é uma loucura, mas é importante que continuemos a fazê-lo! Beijos!
Lorena
Oba, que lindo ver meu texto aqui no bloguinho querido da Su! 🙂
Suzinha, muito obrigada pelo convite, de verdade. Como eu te disse, nao foi fácil "parir" esse texto aí, mas como sempre, foi uma ótima experiência! 🙂 O prazer é todo meu de ter contribuído para as conotações do seu blog, e um convite seu é sempre uma alegria irrecusável! 😉 te adoro! =*
Lunna, obrigada pelas palavras, puxa… Temos uma experiência parecida em relação às palavras. rs Esse desassosego que não conseguimos curar, eu tb experimento isso. E a palavra alivia muito, sim. E nossa, vc citou meus xodós Fernando Pessoa e seu Álvaro de Campos… 🙂 Muito obrigada pelo comentário!
Sandra, obrigada pelas palavras! Tá vendo? Sempre as palavras… Elas fazem de um tudo com a gente, as suas me deixaram muito feliz agora. 🙂 beijo!
Luquinha… ai, ai. 🙂 Muito obrigada, linda. E concord com você, não há nada melhor do que ler algo que foi escrito com prazer. Eu confesso que esse texto não foi algo fácil pra mim, mas me diverti escrevendo, me descobri, me revelei… É como sempre acontece. E fico feliz que VOCÊ, queria Luca, tenha gostado. Obrigada pelas palavras.
Vinícius, não é que você está coberto de razão? Escrever é uma loucura mesmo! E escrever para ser lido é uma loucura dupla, porque você convida todos os seus leitores a serem loucos junto com você! rsrs Mas é uma loucura muito gostosa tb. 🙂 Beijos e obrigada pelas palavras.
Obrigada a todos que comentaram. =)
Valéria Sorohan
Gostei do texto da Lorena, quem realmente gosta de escrever vai se identificar muito com tudo o que foi escrito.
BeijooO'
Suzana Martins
Meus amigos queridos, minha grande e querida Lolli, muito obrigada pela presença e todos vocês aqui nesse cantinho que é de todos nós!!
Muito obrigada meeeesmo…
Beijos no coração de todos!!^^