Eu nunca compreenderei a estonteante missão de vestir e despir peles opostas todos os dias. Não tentarei entender esses porquês hoje, nem tão pouco amanhã. Fico apenas com o brilho dos olhos, que como um lustre, ilumina vontades secretas.

Apaixono-me por todas as imagens coloridas e pelo acinzentado que observo nos corpos entorpecidos pelo desejar, na dúvida do querer… Acho que toda essa desordem fragmentada em minhas letras é tão fora do comum, e acaba fazendo parte de um grupo seleto de palavras que devaneiam em meio a conotações verseadas e ligadas umbilicalmente, que precisam ser cortadas.

Amanhã escreverei até cansar os dedos. Serei assassina de palavras que querem morrer no papel. Já dissertei bem mais cansada do que esta realidade se apresenta. Já escrevi com tanto sono sem ao menos despertar em versos. Hoje, não consigo mover os músculos da face nem das sentimentalidades que a realidade impõe sobre mim.

Jamais compreenderei a missão do entender, do despir e do vestir… Jamais entenderei coisas que o só sentir consegue escrever, mesmo cansados.