Cor: camaleão *

Observo-me e a resposta do espelho é diferente a cada olhar repetitivo que faço. Nunca tenho uma imagem idêntica. Há sempre, entre todas as nuances, cores que divergem entre si. E nem pense que essa metamorfose é a do colorido dos cabelos que muda a cada pintura. Ou a cor dos olhos que pintam em todos os arco-íris que aparecem no céu e, muito menos, a minha pele que está diferente em cada tom de verão.

Olho três vezes no espelho e o reflexo sempre diverge. Há mutações! Há vários reflexos. Cor: camaleão.

Já não procuro respostas nem identidades. Sou camaleão adaptável em labirintos sem saídas. Sou arco-íris de saudade entre todas as paredes com seus tons amarelados. Diversidade de reflexos. Rasgo a minha pele e percebo as oscilações da policromia e dos sonhos que trago em mim. Sou camaleão nos reflexos dos espelhos.

Observo-me e todas as respostas transfiguram diante do meus olhos coloridos.

Suzana Martins

*Edição do texto Cor: camaleão escrito em abril de 2010 e publicado aqui neste blog. Para ler a publicação original, clique neste link.